A morte não se importa se levantamos com o pé direito ou esquerdo pela manhã; não se importa se tomou ou não sua cafeína matinal. Ela é isenta de emoções. Ela não ouve a vida que zumbe ao seu redor. Tarcísio Meira e Paulo José morreram com diferença de um dia 11 e 12 de agosto de 2021.
Levanto, afasto a cadeira e caminho até a janela, mergulhado em pensamentos. Dois atores que interpretaram no teatro e televisão com perfeição. Tiveram no auge e com preciosos momentos em que tudo no seu mundo estava no lugar. A beleza de suas interpretações sugestionou e deu a tudo que os rodeava um movimento de elegância.
Ninguém quer ver sua chama apagar sem um brilho, mas ao chegarem a oito décadas de vida a chama já não brilha tanto apenas o reflexo que encantou existe. O pensamento da morte dos dois entrou na minha mente de repente, como um gato de rua, recusou – se a sair, não compartilhara mais sorrisos com seu par. Mas a vida, como um quebra-cabeça com peças faltando, é difícil de se completar sozinha no fim da vida e como estamos sempre a nos despedir, estou agora despedindo com este texto destes dois brilhantes atores e o filme de suas atuações estará enrolado dentro de mim bem apertado, até o fim dos meus dias.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.
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