Drama

Drama

Alguém que visse nosso país do espaço jamais imaginaria nossos dramas humanos e o desespero vivido. As chamas cintilantes dos desejos por poder de nossos governantes no meio de um redemoinho de aumento da pobreza extrema, como se estivesse presos em um baú que vai descendo lentamente. Aqui em Salvador, basta sair na rua para ver o aumento da miserabilidade em toda a cidade. Um estudo do Banco Mundial mostrou que
o contingente de pessoas vivendo abaixo da linha da extrema pobreza, com renda mensal equivalente a apenas 140 reais ou menor, avançou 13% em um ano, saltando de 13,5 milhões para 15,3 milhões.

O Brasil tem ainda 11 milhões de analfabetos e cinco bilionários detém a renda de cem milhões de brasileiros. Eis mais uma dualidade: a forma como o tempo dá a sensação de ser simultaneamente imenso, oprimindo a alma e obscurecendo o ânimo para quem não tem nada, e a sobrevivência é a única lei, basta ver a fila do SUS, do emprego ou do auxilio emergencial, e minúsculo com o tempo fluindo para as elites que satisfazem os desejos instantaneamente.

Em 01 de janeiro de 2001 começou o século XXI. Viver no século XXI é isso? Nos emaranhar numa vida tecnológica, num emaranhado que é excitante mas que para muitos é como se estivesse na idade da pedra, cortando lenha, já que não podem pagar um botijão de gás, e lutam diariamente contra a violência e a fome.

Vejo que os “pilares” dessa crise são três: uma elite que se expande rápido demais, uma classe trabalhadora com qualidade de vida em declínio, e finalmente um governo incapaz de sustentar suas posições históricas de manutenção social. Essa tríade “venenosa” interage entre si, acelerando a desintegração da estabilidade social, que leva em consequência ao aumento de conflitos e da violência.

A deterioração do estilo de vida e do poder econômico das classes trabalhadoras, que se encontram pressionadas em uma economia orientada cada vez mais para a tecnologia.
O governo se vê obrigado a atuar auxiliando a população com estratégias de incentivo econômico e suporte financeiro, que tendem a esgotar os recursos do estado, até um ponto próximo da desintegração, como vemos agora com a divida pública.

E a vinda da pandemia agravou ainda mais, e estamos experimentando novos momentos de tensão. Como alterar este momento cada vez mais grave deste século XXI? Resignar-se? Ou aceitar que os dramas humanos são como diz a Bíblia “períodos de vacas magras e gordas”, e neste momento de vacas magras buscar um novo estágio de prosperidade com as vacas gordas.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.

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