“Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria.” (Romanos 12.6-8)
Não é difícil para nenhum de nós compreender que temos dons diferentes. Devemos também ter a compreensão de que eles são frutos da graça de Deus. O dom de Deus é uma dádiva da graça, é um potencial que temos. Esses dons precisam ser desenvolvidos.
Quando você participa de um culto no templo, vê os instrumentistas tocando e celebra e admira a boa música, você está reconhecendo não apenas o dom que aqueles irmãos receberam pela graça, mas também o cuidado que tiveram em desenvolve-lo. Dons devem ser desenvolvidos. Sem investimento jamais serão úteis. Por isso a recomendação do Romanos 12 é: se alguém tem certo dom, use-o! Coloque-o em prática.
Quantos dons cada pessoa tem? Jamais poderemos responder com certeza. Mas podemos perceber quais os dons que determinada pessoa desenvolveu apropriadamente. Pessoas que desenvolvem seus dons vão deixando uma lista de realizações.
Os dons de Deus e o seu desenvolvimento ou uso têm tudo a ver com a liturgia para a vida, e a igreja é um lugar privilegiado para isso. Veja bem, eu não disse o templo, eu disse, a igreja. Ela é o lugar onde cada pessoa pode e deve sentir-se inspirada e desafiada a agir como cidadão e cidadã do Reino de Deus.
Mas temos alguns problemas. Na medida em que fizemos do templo o lugar por excelência da igreja e um lugar para eventos sagrados, com forma, ritmo, cores e expressões selecionadas, sendo tudo mais considerado inadequado, nós desrespeitamos os dons dados livremente por Deus a cada ser humano.
Um outro pecado contra os dons da graça é a dicotomização da vida – ou seja, a sua divisão entre sagrado e profano, cristão e secular. Exemplificando: um músico precisa escolher entre tocar no templo ou tocar “no mundo”, dizem alguns. Já a administração financeira, embora possa ser útil na igreja, ninguém que tem precisa escolher entre usá-lo na igreja ou no mundo. E tudo isso faz com que os músicos sejam mais desejados que os administradores financeiros. E com isso a igreja se apequena, quando poderia ser encantadora e um exemplo para a sociedade.
Que igreja queremos ser? A resposta a essa pergunta é um caminho. Neste caminho eu e você precisamos estar. Não espere tudo dos outros. Você também tem dons. Todos juntos, com nossa diversidade, aprendendo a reconhecer os próprios dons e tendo o compromisso de usá-los, devemos honrar a Deus.
Como cristãos e igreja devemos ampliar nossa visão e compreensão do Reino, superando a miopia de nossa religiosidade. É isso que nos propõe uma liturgia para a vida e é exatamente isso que verdadeiramente glorifica a Deus.