Doença

Doença

Nunca é agradável ficar doente pelo coronavírus e isolado da família. O doente precisa de carinho, ter algo em que se apoiar.

Neste momento, a importância do vínculo familiar é essencial mesmo distante. Nesta pandemia, o doente fica muito só. O que dizer então daquele que vai morrer, apanhado na armadilha do vírus?

Compreende-se o que há de desconfortável na morte,nos dias de hoje,quando ela chega assim a um lugar seco.

É importante ressaltar o aspecto banal da vida com tantas mortes. Mas, para os vivos, amanhã é dia de nascer de novo. Para outra morte. Hoje é dia de não tentar compreender absolutamente nada,não lançar âncoras para o futuro.

Estamos parados. Vida? Bem, seja lá o que for é isto que temos… A mente e o corpo exaustos do confinamento, não sabíamos que o mundo era assim duro. Na televisão, estatística de mortos e doentes graves nos hospitais.

Sobrevivo todos os dias à morte de mim mesmo de tantas perdas. Claro,mo dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato. Só quero ir indo junto com as coisas,mir sendo junto com elas, mesmo tempo, até um lugar que não sei onde fica, chorar por tudo que se perdeu e ainda vamos perder, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não sei como será.

Após um tempo de confinamento, você esquece a vida que tinha, o que gostava e fazia. Que eram pérolas em um colar, se você corta o laço, elas se espalham no chão, no canto mais escuro, onde nunca mais serão encontrados, e então você segue em frente e, com o tempo, você acaba esquecendo como eram as pérolas e entra em um mundo novo.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui