Dias de angústia

“Ah, minha angústia, minha angústia! Eu me contorço de dor. Ó paredes do meu coração! O meu coração dispara dentro de mim; não posso ficar calado. Ouvi o som da trombeta, ouvi o grito de guerra.” (Jeremias 4.19)

Não é fácil se sair bem diante da dor e do sofrimento. Há pelo menos duas boas razões para nossa inaptidão: por um lado, aprendemos a ver a dor como punição para nossos erros, de modo que sempre queremos uma razão para ela, algo que a justifique. Mas nem sempre há uma justificativa. Por outro lado, esperamos que Deus cumpra Seu papel de protetor e provedor. Afinal, Ele não é nosso Pai? Que pai há que não proteja e cuide de seus filhos? Entre os homens até pode haver, mas de Deus espera-se mais. Todavia o sofrimento continua atingindo a todos, inclusive gente que anda com Deus.

Veja o verso de hoje. Ele saiu dos lábios de um profeta. Seu ofício era ouvir a Deus e falar aos homens. Ele, até onde vemos nas Escrituras, foi obediente e fez o que Deus lhe pediu. Mas sua vida não foi fácil. Ele fala de contorcer-se de dor, fala do coração como tendo paredes. A dor do profeta está ligada à condição de sua nação. Ela está sendo destruída. A vida está seguindo em rumo completamente indesejável. Não é fácil para alguém que ouve e fala com Deus ver a dor agindo sem nenhum sinal de livramento.

Nas Escrituras há muitos gemidos de dor. Ela vem para culpados e inocentes. Há tragédias anunciadas e há aquelas surpreendentes, inesperadas. Há sofrimentos que chegam lentamente e outros que se apoderam dos homens, de um instante para o outro. É assim também na vida. A melhor forma de estar pronto para enfrentar os dias de angústia é viver, diariamente, em comunhão com Deus. Ande com Deus, cada vez mais perto. Quando o dia mal chegar, rasgue diante dele a alma, como fez Jeremias. E continue em frente. Como diz a canção, com Cristo no barco, tudo vai bem e passa o temporal!

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