Desde o ano passado, a Federação Internacional da Obesidade alterou o Dia Mundial da Obesidade para 4 de março – a data adotada anteriormente era 11 de outubro. E, pelo segundo ano, o Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba) não faz atividades presenciais para marcar a data, em razão da necessidade de manter o distanciamento social, uma das medidas importantes para o controle da pandemia da Covid-19.
Todos os anos, a equipe multidisciplinar do Núcleo de Obesidade do Cedeba organizava atividades a partir da escolha de um tema central, tendo como objetivo ampliar a conscientização sobre a obesidade – doença multifatorial e crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e associação com outras doenças, como hipertensão, diabetes e câncer.
Covid-19 e obesidade
Desde o início da pandemia, em março do ano passado, “todas as nossas ações foram planejadas para proteger nossos usuários, cujo maior número é de casos de diabetes e obesidade, porque nas duas doenças, como também na hipertensão, a possibilidade de contaminação de pessoas desses grupos pelo coronavírus é a mesma da população em geral, mas as possibilidades de complicações são muito maiores”, explica a diretora do Cedeba, Reine Chaves.
“Desde o início da pandemia, o Cedeba continuou chegando perto dos seus pacientes com o uso da Telemedicina, até a volta gradual do atendimento presencial”, observa a coordenadora do Núcleo e Obesidade do Cedeba, a endocrinologista Teresa Arruti. No caso da obesidade, o atendimento com o apoio da equipe multidisciplinar tem sido muito importante por garantir mais segurança aos pacientes. “No Cedeba são atendidos pacientes de toda a Bahia. O deslocamento para Salvador representaria um grande risco, já que é feito em veículos com grande número de pessoas. Geralmente os pacientes vêm em vans ou ônibus, mas sempre lotados”, afirma.
Durante a pandemia, a preparação para encaminhamento de pacientes para a cirurgia bariátrica (redução do estômago) continuou. A suspensão das cirurgias foi por curto período mas logo foi retomada. A endocrinologista Teresa Arruti afirma que a preparação para a cirurgia é muito importante, porque “a bariátrica opera o estômago e não a cabeça”. “Por isso, o paciente precisa estar preparado do ponto de vista emocional, nutricional, físico e social. É que a compulsão por alimentos pode mudar de foco, como compulsão por álcool, compras, sexo. A cirurgia bariátrica tem que ser bem indicada, após esgotadas outras possibilidades para a perda de peso e o paciente tem que estar preparado para as mudanças que cirurgia fará na sua vida”, explica.
Doenças associadas
Os cuidados com os pacientes com obesidade na pandemia da Covid-19 crescem em importância, porque a doença se apresenta associada à hipertensão – em 85% dos casos – e com o diabetes (75%), como explica coordenadora do Núcleo de Obesidade do Cedeba. E são essas três doenças as comorbidades que lideram os casos graves e mortes por Covid-19. A atenção aos pacientes com obesidade no Cedeba durante a pandemia com o uso da Telemedicina tem utilizado telefone, WhatsApp, e-mail, possibilitando, assim, o atendimento pela equipe multidisciplinar (nutricionista, assistente social, fisioterapeuta, endocrinologista, psiquiatra e psicólogo). Além da teleconsulta, o uso desse meios possibilita o envio do resultado de exames, fotos.
Prevenção desde o pré-natal
De acordo com previsão da Organização Mundial de Saúde (OMS), a expectativa é de 700 milhões de pessoas diagnosticadas com obesidade até 2025. Segundo analisa Teresa Arruti, a prevenção deve começar no pré-natal, seguir no berçário e continuar na infância para se evitar o que é visto hoje: adolescentes de 14 anos com diabetes tipo 2, causada pela obesidade.
A endocrinologista reforça que é muito importante adotar a alimentação saudável, com ênfase na comida de verdade, em vez alimentos ultra processados como biscoitos, salgadinhos, refrigerantes. O tratamento da obesidade deve ser iniciado logo que a doença surgir, seja na infância ou na adolescência. Muito mais que um problema estético, como a sociedade vê a obesidade, além de ser fator risco para outras doenças, traz muitos problemas pela rejeição social, pela maior dificuldade para obter emprego e acessibilidade.
Fonte: saúde.ba.gov