As atividades realizadas pelos Caps ad(alcool e drogas) Caps II e Caps IA (infancia e adolescencia).
Houve rodas de discussões,exibição de filmes, passeatas, enfim uma proposta de conscientização da população sobre este dia e também junto aos usuários repensarmos as praticas e a qualidade dos serviços substitutivos tendo em vista o descredenciamento dos leitos nos hospitais psiquiátricos.
O dia 18 de maio passou a representar o dia de Luta Antimanicomial, a partir de um encontro em Bauru em 1987, realizado por trabalhadores e usuários dos serviços de saúde mental com o compromisso de marcar a luta pela reorientação nas políticas públicas em saúde mental.
Ao longo da história das práticas de cuidado em saúde, a loucura foi colocada a margem da vida em sociedade. Durante quatro séculos os loucos foram excluídos e relegados ao isolamento da vida da comunidade. Surgem os grandes espaços voltados ao confinamento dos loucos os quais trouxeram como consequência o brutal isolamento das pessoas portadoras de transtorno mental com a falsa promessa da oferta de cuidado. Ao invés disso, estes equipamentos -os hospitais psiquiátricos- trouxeram o apagamento da cidadania e da vida social dos loucos o que, por isso mesmo, intensifica o processo de sofrimento mental.
Os hospitais psiquiátricos nasceram por volta do no século XVII e se consolidaram no século seguinte. Foi dada à psiquiatria a incumbência de cuidar de uma determinada parcela da população excluída do meio social, que se encontrava a mercê do tratamento ofertado pelas instituições em que se encontravam reclusas nas quais eram colocadas todas as espécies de indivíduos cujas condutas não condiziam com os costumes e com a moral da época. Os loucos passaram a viver em instituições asilares juntamente com outras pessoas ditas incapazes a exemplo dos leprosos, prostitutas, ladrões, vagabundos, mendigos, etc. séculos depois estas instituições receberam um novo nome: manicômios, mas o modelo de tratamento adotado hegemonicamente por elas continua sendo secular: a segregação, o isolamento do universo social cotidiano na comunidade e uma lógica de atenção institucionalizadora, contribuindo para cronificação dos quadros patológicos.
Lutar contra o modelo manicomial é lutar na perspectiva de construir uma nova historia para a loucura. É um movimento ousado que opta pelo caminho das “pedras” – quando insiste na desospitalização e no tratamento em liberdade- em detrimento da comodidade da segregação do louco e, consequentemente, da loucura nos pátios de um hospital.
O Brasil adotou o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) como o principal dispositivo para a superação do modelo hospitalar de atenção em saúde mental. Os avanços são significativos em nível nacional. Entretanto em algumas regiões do país a evolução quantitativa e qualitativa desses serviços carece de maior celeridade.
Há 24 anos, a única forma de abordagem para o sofrimento mental existente no Brasil era o hospício, na sua pior forma – verdadeiros campos de concentração! Certamente, portanto, temos muito a comemorar. O número de leitos psiquiátricos no país reduziu-se à metade. Aprovou-se uma nova lei, que “dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental”. Foram criados mais de 1600 CAPS – serviços abertos que acolhem os portadores de sofrimento mental grave. Além de outras estratégias como: residências terapêuticas, experiências de inserção no mercado de trabalho, na escola, centros de convivência para portadores de transtorno mental, etc. configurando uma rede de serviços e de estratégia de proteção e promoção à saúde muito diferente do que o hospital psiquiátrico pode oferecer. Embora tenhamos conquistado muito, ainda não é o bastante.
Mais do que nunca, sustentar a comemoração do 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, por todos aqueles que defendem aberta e corajosamente a construção de uma sociedade sem manicômios. Este dia de Luta faz parte do patrimônio político e cultural que construímos coletivamente ao longo da trajetória do nosso Movimento Social. Segue o ritmo e tem as cores de uma luta audaz e independente – movimento vivo da sociedade brasileira! Desafio que nos é colocado é de LUTAR por um processo de reorientação das práticas no campo da saúde mental que amplie seu alcance e seu compromisso com uma sociedade definitivamente democrática; fazer romper todas as “incabíveis prisões” nas quais os loucos foram depositados. É o momento de trazermos o debate para o coração da cidade e da sociedade, garantindo reinserção psicossocial, protagonismo e autonomia para os portadores de transtorno mental.
Maio é o mês em que comemoramos a libertação dos escravos, que seja o mês em que comemoramos a liberdade e a dignidade dos loucos no Brasil.
Viva à liberdade. Viva ao 18 de maio!
Renata Raiol/Movimento de Luta Antimanicomial Sul-bahiano
Contato: cplantimanicomial@hotmail.com