Desvio sutil e perigoso

“Gostaria de saber apenas uma coisa: foi pela prática da lei que vocês receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram? Será que vocês são tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio?” (Gálatas 3.2-3)

A vida cristã envolve esforço e luta? Ela exige algo de nós? Sim, não há dúvida alguma. Tanto é verdade que o escritor de Hebreus diz que não devemos desanimar na luta contra o pecado, ainda que ela exija derramar o próprio sangue (Hb 12.4). Forte isso, não? E Paulo diz que luta diariamente contra si mesmo, para que o pecado não o domine (1 Co 9.27). A vida pela graça de Deus não significa que não há nada que nos caiba fazer ou que não seja importante (e necessário) esforço e luta pessoal. Ao contrário: Jesus muito cedo advertiu aos que queriam segui-lo de que seria necessário a autonegação. Há algo que exija mais esforço que dizer não à nossa própria vontade?

Todavia, há um desvio sutil e perigoso e que pode fazer com que nosso esforço pessoal, em lugar de nutrir nossa fé, a faça adoecer. O apóstolo não quer isto aconteça aos gálatas e nós também devemos evitar este erro. A raiz desse desvio está em nossas motivações. Podemos lutar para fazer o que é correto por devoção a Deus, em gratidão por seu amor e bênçãos; e podemos lutar para fazer o que é correto por interesse no que Deus pode nos dar, julgando que assim seremos merecedores de suas bênçãos. Quando é assim, deslocamos o centro de nossa espiritualidade de Cristo para nós: o que determina as coisas é o que fazemos e não o que Cristo fez. E, pior: agimos como se pudéssemos manipular Deus com nosso comportamento, como algumas crianças fazem com seus pais.

Paulo repreende os gálatas para que não se desviem da fé que faz de Cristo o centro da vida e da devoção. Somos salvos pelo que Cristo fez e devemos viver do que Cristo fez. Nossas boas obras devem ser praticadas em gratidão pelo que Cristo fez e nossa obediência não deve ser motivada por medo de castigos ou interesses em bênçãos, mas pelo compromisso de honrar aquele que tudo fez por nós – Cristo. Desviar-se disso é abandonar o Espírito e passar a viver do esforço próprio. Por isso, jamais julgue a si mesmo com base em seus próprios méritos ou deméritos. Confesse seus pecados, descanse no amor de Deus e então, em paz, se esforce. Viva corretamente e pratique boas obras. Não para ganhar algo, mas como alguém que já ganhou tudo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui