Deputados estaduais voltam atrás depois de negar título a Jorge Amador

Deputados estaduais voltam atrás depois de negar título a Jorge AmadorA Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) não concedeu, em primeira votação, o título de Cidadão Benemérito da Liberdade e Justiça Social João Mangabeira ao escritor baiano Jorge Amado, em votação ocorrida na noite de terça-feira, 28 de janeiro. O projeto, de autoria do deputado Álvaro Gomes (PCdoB), precisava de maioria absoluta qualificada (32 votos) para ser aprovado, mas recebeu 31 votos pelo sim, 11 pelo não, e uma abstenção. Outros 10 títulos também foram votados e o de Jorge Amado foi o único rejeitado.

O ato, classificado como um dos mais negativos e impopulares da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) no passado recente, revelou um procedimento comum e temeroso na Casa, apontado pelos próprios integrantes: deputados aprovam projetos sem ler o conteúdo das matérias.

Após rejeitar a concessão do título a um dos maiores ícones da Bahia, a Casa voltou atrás e concedeu a honraria oferecida pelo deputado Álvaro Gomes (PCdoB). O presidente Marcelo Nilo (PDT) encontrou uma forma de reparar a imagem da AL-BA, ao apontar um “erro técnico” na primeira votação da matéria, quando a pauta foi derrubada com um voto a menos do que o necessário (31 favoráveis). Segundo ele, os líderes Elmar Nascimento (DEM) e Zé Neto (PT) não tinham assinado o documento de dispensa de formalidade, o que permitiria a nova apreciação.

No entanto, o deputado Capitão Tadeu (PSB) acusou Nilo de “mentir” para consertar o erro. “O presidente desta Casa está faltando com a verdade. Não é preciso uma mentira para justificar a falta de argumentos para a Mesa Diretora passar por cima do regimento interno”, bradou o socialista, que garante ter visto a rubrica dos líderes no projeto inicial. A acusação foi logo deixada de lado pela maioria dos deputados, mas outro assunto – a falta de atenção em relação ao que é votado – veio à tona. Vários políticos reconheceram que a aprovação, em uma mesma sessão, de mais de dez honrarias para diversas pessoas e cerca de dez projetos de deputados, além de outros do governo, foi resultado da “falta de critério”.

Já o pepista Mário Negromonte Júnior cobrou “mais atenção” dos colegas em relação ao que é apreciado. “Precisa refletir para não cometer injustiças como essa”, afirmou o parlamentar, ao ser referir a não concessão da honraria a Jorge Amado. Negromonte, preocupado com a imagem da AL-BA, ainda chegou a “pedir que a imprensa não colocasse” o tema em foco na cobertura sobre a sessão desta terça, solicitação não atendida. Pouco antes da segunda votação do título para o escritor, o deputado Marcelino Galo (PT) comparou o Poder Legislativo baiano a uma “casa de estúpidos”. “Jorge não vai perder nada. Quem vai perder é essa Casa. Imagine a repercussão. Vai ficar parecendo uma casa de estúpidos. Gostaria da reparação para que não fique na história como o ano legislativo em que se rejeitou o título para essa personalidade”, clamou o parlamentar.

 

 

 

Fonte: Bahia Notícias

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