Os jovens de hoje não passam por esta experiência, eles teclam, nunca datilografaram, pois datilografia é a técnica de digitar sem olhar muito para as teclas e com certa velocidade.
Fiz o curso de datilografia no bairro de Nazaré, deram-me máquina, papel, carbono, folhas de carbono e disseram “Comece com este texto”. Lembro que no início cada letra que lançava no papel se procedia de honesta e cuidadosa procura no tabuleiro. Cada palavra pronta era uma vitória. De vez em quando, a caça de uma letra se prolongava demais e nada me convencia de que o “g” não houvesse desaparecido. E recorria à moça de óculos da mesa à direita, um esbanjamento de competência datilográfica que, velozmente, começava textos em “prezado senhor”: “Por favor, onde é que é o g?” E ela vinha, por cima do ombro, com o indicador esquerdo de unha roída, batia um “g” duas vezes necessário à palavra “garganta” e pedia para não ser incomodada outra vez.
Meu texto ficou pronto em uma hora e quinze minutos, pois as letras caiam no papel como os pingos de uma goteira. Lembro que no momento da prova, quando faltavam vinte minutos para extinção do prazo, só tinha terminado 70% do texto, um suor quente vinha de dentro dos cabelos e escorria pelo meu rosto., mas que alívio o examinador saiu da sala para atender uma ligação, e minha tensão diminuiu e terminei o texto, sendo então aprovado.