Cuidador

Cuidador

Meu pai precisou dos cuidadores por nove anos, ajudando com suas necessidades básicas, como higiene, alimentação, companhia e remédios. Dando banho, trocando fraldas, trocando roupa, etc. Midu, minha tia-avó, lembro bem das visitas a sua casa, ela com 90 anos. A cuidadora dizia: “O jantar está servido. Queira pôr-se à mesa”. Ela não dizia nada, continuava imóvel, apoiada em sua bengala. A cuidadora pegava-a pelo braço, ajudando-a a se sentar. “O que você fez para esta noite?”, perguntava. “Berinjela ao forno”, disse a cuidadora. “Foi o que a senhora me pediu ontem”. “A mesma coisa do almoço?”. Tem que ter paciência.

Nos nove anos que meu pai ficou inconsciente, quando o visitava, via os objetos envoltos em silêncio. Na garrafa, água imóvel. Aqui é preciso saber economizar tudo o que fragmenta o tempo, pois para o cuidador o tempo é sempre de despedida. Os pensamentos sempre petrificados, como um bloco de gelo.

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