CUIDADO NO FALAR E NO CALAR-SE

“Quem tem conhecimento é comedido no falar, e quem tem entendimento é de espírito sereno. Até o insensato passará por sábio, se ficar quieto, e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento.” (Provérbios 17.27-28)

O sentido da palavra conhecimento neste verso de Provérbio tem mais a ver com aprendizado do que com mero acumulo de informação. “Quem tem conhecimento” não refere-se a alguém que obteve formação, acumulou informação sobre alguma coisa, ainda que seja a Bíblia, teologia ou qualquer outro tema. O texto esta fazendo referência a quem passou a conhecer a vida de forma mais profunda, mais madura. “Quem tem conhecimento” refere-se a quem obteve sabedoria. Os sábios são comedidos no falar. Como afirmou Aristóteles, eles não despejam nos outros tudo que lhes vem à mente e jamais dizem qualquer coisa sem que tenham deixado na mente o bastante para terem certeza de que devem falar. Os presunçosos não agem assim. Muito menos revelam um espírito sereno. É importante ter em mente que nem todo que fica calado é sábio. Às vezes o insensato passa por sábio, quando fica calado. Mas passar por sábio aos olhos dos outros não resolve a nossa própria vida.

Os astutos, por outro lado, podem fazer do silêncio um artifício. Mas seu silêncio nada tem a ver com sabedoria, humildade ou serenidade. Ao contrário, pode ter a ver com perversidade. Pode ter a ver com a atitude de quem friamente cala-se diante de situações difíceis para não se expor e por fim conseguir o que deseja. Isso funciona bem no mundo que jaz no Maligno (1 Jo 5.19), no reino dos homens. Um reino em que mais importa o que dá certo, o que funciona, do que o que é certo. No Reino de Deus, não. Nele importa o que é certo. Nele a frieza não substitui a serenidade. O silêncio calculado não substitui o silêncio que resulta da humildade. Precisamos ter em mente que a vida segundo o Reino de Deus produz, inevitavelmente, pessoas melhores, seres humanos amáveis e cuja ética enriquece a vida. Nele não há lugar para sagacidade, frieza ou dissimulação.

Toda esta semana temos sido desafiados a avaliar nossas palavras, o modo como usamos essa capacidade tão especial: a comunicação. Devemos ter mais cuidado para não praticarmos uma comunicação corrupta, enganosa, maldosa. Seja por meio do que falamos ou por nossa atitude de nos calar. Falar ou guardar silêncio não devem ser atitudes perversas, mas atitudes que revelem um caráter sob influência do Espírito Santo. Jesus nos advertiu que o que sai de nossa boca vem do coração! Lembremo-nos que o silêncio também fala. Não nos enganemos pensando que trata-se apenas de alguma coisa que falamos ou deixamos de falar. Levemos a sério nossas palavras e também nosso silêncio. Que eles revelem um coração saudável. E se pecarmos no falar, ou ao nos calar, que haja sincero arrependimento e que busquemos seriamente consertar nossa atitude. Que Deus nos ajude nesse desafio.

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