Critérios

Critérios

“Fique na companhia de quem está à procura da verdade e fuga de quem já a encontrou”, Vaclau

A partir dessa nova configuração de ser, estar e se relacionar, mediada pela tecnologia, neste século 21, tomar decisões tem se tornado um ato bem mais complexo. Viajei a São Paulo e para escolher o hotel tem tantas opções, na passagem aérea também, além de ter que se locomover de metrô, táxi, uber ou ônibus, como as situações em que vivemos ganharam novas nuances, saber gerenciar o tempo demanda sabedoria e um intenso exercício de autonomia, por exemplo, se eu escolher o táxi, ele usa os corredores dos ônibus e a viagem é mais rápida.

Porém, como estamos atolados pelas pendências cotidianas, acabamos desconhecendo ou não tendo um critério adequado para usar quando somos chamados a decidir. Com o passar do tempo, essa situação só se agrava.

A compreensão dessa nova maneira de interagir leva tempo para ser absorvida. É preciso muita reflexão, o que gera frustração, estranhamento, descobertas, aceitação, incompreensão. É um processo vivo de adaptação e que não temos como definir quando ele terá fim, porque ele nunca para, mas vai se modificando e nos levando com ele para novas realidades.

Nosso grau de liberdade aumentou muito. Mas toda essa liberdade, e quantidade de escolhas, traz consigo responsabilidades e torna nossas relações bem mais complexas.
Acho que vivemos numa sociedade efêmera, esta individualização incentivada por meios digitais, trouxe consigo a necessidade de tomarmos decisões o tempo todo, sobre o que fazemos, compramos e como nos relacionamos. Cada vez mais, temos decisões pessoais, familiares, e de cidadania a tomar e o preço desse comportamento é alto. Podemos saber o que quiser a hora que der vontade, mas não temos a menor ideia da procedência daquela informação e se ela é confiável. Dúvidas geram dúvidas. O volume brutal de novos paradigmas em uma sociedade efêmera gera uma epidemia de decisões equivocadas, ou seja, quanto mais decisões ao mesmo tempo, mais rápidas elas têm de ser tomadas e, consequentemente, mais decisões equivocadas são feitas; e decisões equivocadas geram perda de tempo, frustração e a sensação de um gigantesco prejuízo em todas as áreas da vida. A pandemia da Covid-19, que nos tomou de assalto no início de 2020, é um exemplo de como devemos desconfiar da certeza dos imbecis. Quando o coronavírus se fez presente, entendemos quanto nossa organização sociais, econômicas e políticas são frágeis. E refletem a complexidade de nosso mundo atual, de como a sociedade, de fato, é líquida, como tão bem definiu o pensador Zygmunt Bauman.

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