Crer para que?

“Então sua mulher lhe disse: ‘Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus, e morra!’ Ele respondeu: ‘Você fala como uma insensata. Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?’ Em tudo isso Jó não pecou com os lábios.” (Jó 2.9-10)

O resultado de Deus ter dado a Satanás o direito de tocar na “pele” (saúde) de Jó foi uma doença terrível que o levou à sarjeta. Tumores e processos alérgicos o cobriram da cabeça aos pés. Imagino que ele tenha se tornado “uma coisa” ao próprio olhar e dos outros. Perdeu a aparência, a saúde e o sossego. A aflição estava ao seu redor, em sua alma e em seu corpo. Nessas condições, qual o sentido de ainda considerar necessária alguma devoção a Deus? Afinal, Deus não estava cumprindo Sua parte, porque Jó deveria cumprir a sua? É assim que a mulher de Jó entende o lugar da fé e o sentido da religião. É para que sirva de alguma garantia, mínima que seja. Se não serve, para que então?

Tenho dificuldade de não crer na providência divina ao nos trazer este livro. Especialmente quando sabemos que ele foi produzido num período tão ou mais utilitarista quanto à fé que nosso tempo. Para a mulher de Jó era uma completa insensatez ocupar-se de ser alguém em harmonia com a ideia de um Deus bom, justo e correto, se um mal tão grande (e injusto) nos alcança. Se Deus deixa algo assim acontecer Ele perdeu a relevância (e o direito) de ser nosso Deus. Mas para Jó é diferente: a insensatez está na revolta contra Deus. De que lado ficaríamos? Teoricamente posso imaginar, mas a questão é o lado que ocupamos quando a vida puxa nosso tapete.

Nosso herói é quase super humano. Mas, na verdade, é apenas o tipo mais verdadeiro de ser humano, tendo superado, até aqui, tudo, por causa de Deus. Fomos criados para viver alicerçados em Deus assim. Há algo grandioso em Jó: Deus. Há uma firmeza enraizada na eternidade. Jó escolhe perseverar e não peca com seus lábios. Quanto a nós, costumamos praguejar apenas porque saímos de casa e esquecemos o celular. Este livro vai elevar a temperatura até que tudo que não seja fé do melhor tipo fique diante de nós. E então saberemos que ela vale muito e custa caro. Custa fazer a escolha certa quando estamos abalados, feridos e confusos. Mas jamais o bastante para esquecer quem é o nosso Deus, em quem vivemos, existimos e nos movemos.

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