“Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo.” (Filipenses 3.7)
Essa declaração de Paulo não pode ser assumida por nós como se para nós e para ele significasse a mesma coisa. A verdade é que muitos de nós não chegaremos nem perto de compreendê-la. Talvez a grande maioria de nós esteja nessa situação. Olhe para si mesmo e olhe à sua volta! Somos cristãos de uma outra era. Somos cristãos que abraçam a fé, não para perder, mas para ganhar.
Há, inclusive, quem faça do argumento do ganho, do lucro, das bênçãos, a razão com que tentam convencer outros a crerem e seguirem a Jesus.
Não queremos perder e sabemos que ninguém quer! Queremos ganhar e sabemos que todos querem!
Os apóstolos, liderados por Pedro, tiveram essa conversa com Jesus: “Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?” (Mt 19.27) Na verdade, o sentido real da pergunta de Pedro é: o que ganharemos com isso?
Interessante a resposta de Jesus!! Algo como: por agora nada, mas, no fim, tudo o que jamais imaginaram. Porém, terminou sua resposta dizendo que haveria surpresas: os últimos seriam os primeiros e os primeiros seriam os últimos (veja Mt 19.28-30).
Devemos ser cuidadosos: somente Jesus sabe toda a verdade sobre nós, cristãos. Somente ele sabe o quanto é real nossa fé, nossa entrega a ele. Somente ele pode saber, de fato, o lugar que ele, Jesus, ocupa em nossa vida. Por isso, os últimos aos nossos olhos serão os primeiros aos olhos dele, e vice-versa.
O caminho do apóstolo Paulo é uma boa reflexão para nós. Sua biografia mostra o quanto ele perdeu. Não exatamente porque lhe foi tirado, mas, e sobretudo, pelas coisas que deixaram de fazer sentido para ele. Coisas a que se apegava perderam a importância e o valor. Ele reconheceu-se o maior dos pecadores e a Cristo como seu maior tesouro.
O cerne dessa conversa é: quem está no lugar central de nossa vida? A resposta é simples e raramente está errada: que está no lugar central de nossa vida somos nós mesmos.
A conversão, o quebrantamento, a santificação, o amadurecimento espiritual é um processo de fé, que vai nos fazer levantar do trono da nossa própria existência para ceder o lugar a Cristo. Mas nem todos estão neste processo. Muitos apenas cuidam de si mesmos e se esforçam para nada perder, quando é preciso perder todas as coisas.
Perder é perder o primeiro lugar e dá-lo a Jesus. Não tem a ver com quanto possuímos, mas com quem de fato influencia nossa vida.
Ser o sal e a luz que Jesus nos disse para sermos, exige a perda sofrida pelo apóstolo e rejeitada por nós. Vamos ao templo para ganhar, lemos a Bíblia para ganhar, oramos para ganhar e até resistimos ao pecado para ganhar.
Dizemos não a nós para que Deus diga sim a nós. Servimos a nós mesmos e tentamos barganhar com Deus usando as moedas podres da nossa justiça própria.
Por isso tanta imaturidade, tanta cegueira, tanta carnalidade e tanta insensatez. Por isso, tão pouco amor, tão pouca misericórdia, tão pouca bondade e tão pouca graça.
Façamos o seguinte: oremos assim: Senhor, ensina-nos a perder; não para ganhar, mas por causa de Cristo!