“Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.” (Salmos 51.10)
Você tem orado por um coração melhor? Por um espírito mais estável, firme? Espero que sim. Eu tenho orado. Mas sei que minha oração deve trazer junto algo mais. Deve trazer escolhas e atitudes que a confirmem. Pois há aspectos fundamentais que dependem de mim, e não de Deus. Não posso sem Ele, mas não será possível sem que eu assuma responsabilidades por mim mesmo e por mudanças em minha própria vida. Por isso, se eu não estiver disposto agir no que me cabe, se ficar somente pedindo a Deus “cria em mim um coração puro e renova dentro de mim um espírito estável”, coisas importantes deixarão de acontecer. Assim como não posso deixar Deus de lado, não posso ficar de lado. Em nossa fé aprendemos que somos cooperadores de Deus. E devemos sê-lo especialmente quando a obra a ser realizada for à transformação de nossa própria vida.
Se quisermos que Deus realize a obra de criar em nós um coração puro, precisamos nos comprometer com a humildade. Precisamos estar abertos a admitir erros e devemos olhar com mais respeito e igualdade cada pessoa. Quando nos sentimos ou nos comportamos como se fossemos superiores, contaminamos o coração que estamos dizendo que desejamos mais puro. E infelizmente, apenas porque passamos a orar mais, a ler mais a Bíblia, a nos sentir mais em comunhão, pode surgir em nós ideias de superioridade. E isso se revela na maneira como julgamos e lidamos com nosso próximo. Precisamos ser humildes na relação com as pessoas e na relação com Deus. A humildade diante de Deus revela-se em nossa contrição, arrependimento e submissão. Diante do nosso próximo revela- se no respeito com que o tratamos. Jesus contou uma parábola em que certo fariseu foi ao templo, cheio de si mesmo, porque não era como o publicano a quem julgava, junto com os demais homens, inferiores a si. Não devemos agir como aquele homem (Lc 18.10-14).
Precisamos também ser perseverantes em meio às lutas, decepções e angústias. Perseverar é a evidência de que cremos. Habacuque, o profeta, aprendeu que era preciso viver pela fé (Hb 2.4). E mostrou sua fé na oração em que diz a Deus: “Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação.” (Hb 3.17-18). Ter fé não é esperar teimosamente que Deus nos dará o que queremos. Mas confiar teimosamente, mesmo quando Deus não nos dá e nem faz o que queremos. Isso transforma o coração e amadurece o espírito. Portanto, que nossa oração seja acompanhada por nossas atitudes. Que um coração e um espírito melhores se formem em nós.