Convite à fraqueza

“O homem é como um sopro; seus dias são como uma sombra passageira.” (Salmo 144:4)

Há uma imagem que se tornou muito famosa por expressar leveza: uma criança soprando aquela flor chamada dente de leão. A flor é tão frágil que o sopro leve é capaz de desmontá-la e o vento a leva embora pétala por pétala. O salmo proposto hoje tem um tanto dessa ilustração e dessa verdade para nós. A vida humana é frágil. Um sopro. Hoje estamos aqui, amanhã não mais. Diante da imensidão da história e da eternidade a nossa realidade é quase nada. E isso não precisa nos trazer desespero ou nos tornar pessoas angustiadas que não creem na beleza da existência. A fragilidade nos revela algo de Deus que de outra forma nos seria impossível conhecer.

Infelizmente vivemos em um mundo onde a força é mais celebrada e mais apreciada como virtude do que a fraqueza. Houve um homem certo dia que disse algo marcante: se tenho algo em que me gloriar, esse algo é minha fraqueza. Ela não só aceitou sua realidade de fragilidade mas também abraçou isso como uma de suas maiores virtudes. Parece meio controverso esse ideal, um tanto quanto paradoxal. Como é possível a fragilidade servir para algo de bom em nossa vida? Aliás, esse discurso não soa com um tom de derrota? Na verdade essa perspectiva pode salvar o ser humano da perdição em que ele se encontra, especialmente por ser capaz de reconectá-lo com sua humanidade. E com isso ele pode colocar os pés de fato no chão da vida como ela é.

Seres frágeis reconhecem que precisam de ajuda e a buscam. Permitem-se não caminhar mais sozinhos e dão oportunidade para si mesmos de desfrutar do poder de Deus, isso porque as Escrituras nos lembram que o poder de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Os passos pro lado contrário disso levam para a perdição. Alguém que nega ser fraco, que não aceita suas fragilidades, que não abraça suas incapacidades provavelmente está trilhando um caminho muito pesado, com uma bagagem impossível de carregar sem adoecer-se e seu destino é a frustração. Há uma proposta divina para que o barro volte a se enxergar como tal. Enquanto o barro não aceitar aquilo que ele é de fato ele não viverá a plenitude para a qual ele foi criado. Talvez essa aceitação seja o primeiro passo para algo sobrenatural acontecer. Que a transformação que tanto precisamos possa partir daí.

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