Controle

Controle

Qual o controle que temos sobre o ato de viver? Hoje soube de uma pessoa conhecida que conversando ao descer uma escada, caiu e bateu a cabeça, não sabemos o que nos aguarda, ontem assisti no canal fechado a entrevista que o ex-ministro Gustavo Bebianno no Roda Viva do dia 02.03.2020, declarou concorrer a prefeitura do Rio de Janeiro, mas morreu de ataque cardíaco dezoito dias depois, quem imaginaria? Entramos na vida, ficamos um tempo no berço, e neste espaço está tudo o que precisamos. Mas a vida é mudanças e crescimento.

Hoje, após um ano nesta pandemia, nada melhorou, mas o mundo está em transformação sempre, em todas as áreas. O futuro deve realizar-se até nos últimos âmbitos da vida privada. Só aquilo que é contemplado no tempo, pode mudar algo.

As aglomerações urbanas há dois mil anos, eram constituídas, por habitações muito simples, de pau a pique, cobertas por folhas de palmeiras e protegidas por fossos, cercas de espinhos e estrepes de madeira.

Aqui estou eu diante de um mundo onde o homem já fez fotos em alta resolução de Marte, onde a ciência foi largando pelo caminho amontoados de informações e novos conhecimentos. Ah, com que alívio me desvencilhei de tudo, sim, recuso esta minha sociedade da tecnologia e do poder do dinheiro, mas se é a única linguagem que ouço, dinheiro, dinheiro, dinheiro, será que está tempestade do vírus tem relação com o dinheiro e o progresso? Tanta tormenta no viver! Depois, vem a calmaria com a ciência, pela vacina mas não pelo destino.

Não posso enxugar todas as lágrimas, mas procuro enxugar uma, lembrei-me de uma imagem da casa de meu avô, no Chalé, uma dançarina mantinha com as duas mãos levantadas uma concha, de onde gotejava uma lágrima, enquanto aos seus pés corria livremente um regato de lágrimas. Nunca havia acontecido nada de tão grave desde que nasci, eu desconhecia a doença e a solidão nesta escala, e tanta morte. Nada nunca havia desmoronado assim somente coisas fúteis. Tinha sofrido apenas ociosas melancolias. Quando somos felizes, nos sentimos mais frios, mais lúcidos e distanciados de nossa realidade. Quando somos felizes, tendemos a criar personagens muito diferentes de nós, a vê-los na luz gélida das coisas estranhas, afastamos os olhos de nossa alma feliz e saciada e os fixamos sem caridade nos outros seres, mas tenho agora de salvar alguns destes dias difíceis para as minhas lembranças, agora que é difícil ser feliz difícil fechar as portas de tanto sofrimento.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe no site www.osollo.com.br.

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