Nos dias incertos, como os de hoje, tal qual blocos de mesma cor e mesmo formato, senso empilhado sem nenhum objetivo. Não conseguimos nos tornar outras pessoas. Somos os mesmos desde quando nascemos. Muitos não aguentam mais, e talvez por isso bebem e se drogam. Enquanto vivemos, acontecem várias coisas, mas temos que continuar vivendo até morrermos, não tem outra opção. A vida continua enquanto estivermos vivos, e chega uma hora em que precisamos nos refugiar em algum lugar, senão não aguentamos mais. A gente passa por esse tipo de fase na vida, de procurar um escape.
Quando eu digo nos refugiar, quero dizer nos refugiarmos de nós mesmos. As pessoas devem querer se refugiar das coisas que guardam dentro de si, inclusive do tempo e das lembranças. Para algumas pessoas, refugiar-se não é suficiente: elas não querem voltar mais, então acabam optando por não viver mais.
Mas a maioria das pessoas não consegue morrer. Por isso elas bebem para se refugiar, e repetem esse processo várias vezes. Não se refugiam só no álcool. Refugiam-se em todo tipo de coisas, pois o de quê, e o para quê, o porquê, e o para quê, o motivo e o propósito, a origem e o destino, o começo e o fim vão em direções diametralmente opostas, fragmentando toda a vida.