“Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.” (2 Coríntios 5.14-15)
Um amor que constrange. Seria isso algo bom? Constrangimento é ser colocado sob certas circunstâncias em que nos sentimos forçados a algo. Isso não soa como escravidão? Não seria escravidão estar sob condições que nos fazem sentir o dever de agimos de uma determinada maneira, ao ponto de contrariar nosso próprio desejo? Paulo disse que o amor de Cristo nos constrange. O vocábulo grego usado por ele tem o significado de algo que reduz as opções e impele a determinada ação, que restringe caminhos e nos impulsiona a certas escolhas. Mas em se tratando do amor de Cristo isso constitui-se em nossa libertação, no caminho para a maturidade existencial e a felicidade.
Cristo morreu pelos pecadores, o que torna a Sua morte a morte de todo pecador que nele crê. Ele morreu porque Deus amou os pecadores até a última consequência. Cristo encarnou esse amor e se deixou matar para nossa salvação. Seu amor ao Pai e seu amor a nós levou-o a dizer não a si mesmo. E para Paulo o amor que o constrangeu nos constrange! Para ele, todo pecador que realmente crê em Cristo é constrangido a entregar a vida, tanto como um ato de fé quanto nas ações diárias, no seu estilo de vida. É constrangido a viver para agradar mais a Jesus de Nazaré do que a si mesmo. Mas esse constrangimento não produz um escravo, produz um ser livre. Verdadeiramente livre! Produz transformação.
Sob esse constrangimento do Cristo amoroso somos guiados a tudo que fomos criados para ser e para fazer. Amadurecemos para a vida e identificamos mais facilmente as ilusões. Podemos resistir à ira, ao egoísmo, ao desequilíbrio financeiro, sexual e alimentar; podemos superar feridas insuperáveis e amar os que não nos amam. Podemos escolher o que faremos diante das circunstâncias em lugar de ser determinados por elas. A virtude passa a ter mais chances em nossa vida e o vício perde força. Bendito constrangimento. Que haja muito dele em nós. Diante de tanto amor só não se constrange quem ainda, de fato, não percebeu o quanto é amado!