Companheiro dela fugiu durante ação da polícia para realizar a prisão.
Vítima foi abusada e mantida presa por dois anos em Vitória da Conquista.
Uma mulher foi presa na cidade de Manoel Vitorino, na Bahia, suspeita de manter uma jovem por dois anos em cárcere privado no município de Vitória da Conquista, na região sudoeste da Bahia. Segundo Decimária Cardoso Gonçalves, delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), a prisão da suspeita ocorreu na segunda-feira (28).
A transferência dela de Manoel Vitorino para a unidade policial de Conquista deve acontecer ainda nesta terça-feira. De acordo com a delegada, o companheiro da suspeita, também envolvido no crime, fugiu. A vítima tinha 22 anos e era mantida em um quarto com grades, além de ser agredida e violentada sexualmente.
Os dois principais suspeitos foram identificados como Antônio Bispo dos Santos, de 32 anos, e Eliana Almeida de Araújo, de 40. “A mulher foi presa na casa de parentes. No momento em que a PM realizava a prisão, o companheiro dela conseguiu fugir”, revelou a delegada.
Ainda segundo Decimária Cardoso, a participação de uma terceira pessoa no crime está sendo investigada. “Ela já foi identificada. É uma moradora de rua. Estamos verificando a participação dela. Já foi solicitada a investigação criminal, pois ela não tem documento. Até o dia em que procuramos, ela estava na rua”, destacou.
Tortura
A vítima contou que era queimada com ferro quente e que não tinha direito a nenhum tipo de higiene. “Ela disse ainda que os suspeitos não a ofereciam alimento e que ela comia apenas restos de comida e migalhas escondido quando eles dormiam”, disse à reportagem a delegada Decimária Cardoso.
Ainda segundo a delegada, os suspeitos poderão responder por diversos crimes. “Além de cárcere privado e estupro, poderão responder por tortura e redução à condição análoga à de escravo, já que a vítima era obrigada a fazer trabalhos domésticos sem remuneração e presa a uma corrente”, destacou.
Conforme a delegada, a vítima passou por um hospital da cidade, onde foi constatado que ela tinha úlceras, desnutrição e desidratação, mas já foi liberada pelos médicos. “Ela agora está na casa dos familiares, que moram em um bairro distante do local onde era mantida no cárcere”, informou. A delegada també disse que a família passou esses dois anos à procura da garota, mas que não chegou a registrar queixa na polícia.
Cárcere privado
A jovem de 22 anos foi libertada do cárcere privado na noite de domingo, dia 20 de setembro. Segundo a delegada Decimária Cardoso, a vítima contou que foi apresentada ao casal por uma conhecida e que, após ter feito uma visita à residência dos suspeitos, foi presa e impedida de sair.
De acordo com as informações da 77ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), a denúncia dos maus-tratos foi feita por vizinhos da casa onde a jovem estava sendo mantida presa. A situação foi registrada no bairro do Cruzeiro.
A polícia disse que no domingo, após a vítima ser levada para um matagal pelo suspeito, vizinhos escutaram uma discussão e conseguiram resgatá-la com o apoio da PM. O homem deixou a vítima no chão e fugiu com a mulher dele e as três crianças, que são filhas da mulher. Ao ser resgatada, a jovem foi levada para o Hospital São Vicente, em Vitória da Conquista, onde passou por procedimentos médicos devido ao estado debilitado em que estava.
G1