Conjugalidade exige “deixar”

“Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne.” (Gênesis 2.24)

Uma das grandes conquistas da vida é a nossa individualidade. Nossa individualidade salienta nossa independência, nossa capacidade de assumir a responsabilidade por nossa própria vida. Não há uma verdadeira identidade sem que se forme em nós essa individualidade. Não se trata de egoísmo, mas de ego devidamente formado. Nenhum de nós é perfeito como indivíduo, mas precisamos e podemos ser saudáveis. A individualidade necessária para a vida diz respeito a atitude de segurar com as próprias mãos a mala onde estão nossas dores, perdas, frustrações e tudo mais. Em lugar de ficar apontando culpados e buscando responsáveis, assumir as responsabilidades. Chega uma hora em que é preciso fazer isso. Todos os pais falham, nem todos somos beneficiados com as melhores condições em nosso crescimento e desenvolvimento. Mas é preciso seguir em frente.

Somente indivíduos, pessoas responsáveis por si mesmas, podem construir uma conjugalidade saudável. A interdependência é uma escolha que somente pessoas independentes podem fazer. Sem isso até dizemos “sim” para o outro num projeto de conjugalidade, mas não damos conta de realiza-lo. Veja o que diz o texto de Gênesis: é preciso deixar pai e mãe. Isso envolve mais que mudar de endereço. Há pessoas que saem da casa de seus pais, mas levam consigo o domínio, o modo de pensar, as regras, a visão de seus pais e estão sempre voltando para eles, dependendo deles. Não conseguem individualizarem-se. É claro que todos levamos algo de nossos pais, mas refiro-me a um nível de ligação que mantem a dependência. Em lugar de terem seu próprio lar, fazem de sua casa uma extensão de suas famílias de origem. 

Quando os dois cônjuges agem assim a consequência são brigas e conflitos em que os pais de ambos sempre aparecem. Quando apenas um dos cônjuges age assim o outro sente-se sufocado e frustrado. Nessas condições a conjugalidade não se desenvolve. Solteiros também podem manter essa dependência, mesmo fora de casa, desenvolvendo uma pseudo individualidade que os incapacita para partilharem a vida. Conjugalidade exige aprender a deixar, exige abrir mão, ceder e aprender do outro, tanto quanto ensinar. Conjugalidade exige a sabedoria de ampliar a vida pela comunhão com a vida de quem nos comprometemos a amar. Nem tudo da história de cada um caberá no novo espaço. Por isso, para se ter a conjugalidade, será preciso envolver nela a nossa individualidade. Bem aventurados aqueles que sabem ceder para receber.

 

ucs

 

 

     

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