“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.” (Filipenses 2.5-7)
Jesus, em sua trajetória terrena, sendo Deus, viveu como um ser humano. A teologia o declara o Deus-homem. Ao ler as palavras de Paulo nestes versos fica bastante claro que a humanidade de Jesus não foi uma condição, mas uma opção. Entre nós, diante das diversas circunstâncias que enfrentou, Jesus escolheu manifestar Sua humanidade e não Sua divindade. Voluntariamente abriu mão de Seu poder. Há momentos em que isso fica explicito. No julgamento que culminou com a crucificação, Pilatos irritou-se porque Jesus mantinha-se em silêncio diante de suas indagações. Aí o Mestre lhe deu uma rápida aula sobre ter e não ter poder. Veja o diálogo: “Então perguntou a Jesus: ‘De onde você vem? ’, mas Jesus não lhe deu resposta. ‘Você se nega a falar comigo? ’, disse Pilatos. ‘Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo? ’ Jesus respondeu: ‘Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima’”. (Jo 19.9-11)
Jesus estava ali inferiorizado, mas não era inferior. Pilatos estava “dando as cartas” mas não porque não pudesse ser impedido. Jesus é quem tinha poder, mas submeteu-se às circunstâncias que envolviam o cumprimente de Seu propósito de vida: salvar pecadores. Quando Pedro pegou sua espada para defender Jesus contra os guardas que vieram prendê-lo, Ele o repreendeu e disse: “Você acha que eu não posso pedir a meu Pai, e ele não colocaria imediatamente à minha disposição mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53) Ele seria preso, mas não por falta de saída ou por não ter como evitar. Ele, sendo Deus, não agiu como Deus, não beneficiou-se de Sua divindade, mas cedeu, abriu mão, submeteu-se, aceitou o caminho da obediência. Sendo Poderoso, manteve-se fraco e deixou-se vencer. Era Deus, mas entre nós foi completamente como um de nós.
Somos todos iguais e frágeis. Estamos todos sujeitos ao poder das circunstâncias. Independente do quanto sabemos, possuímos ou da cor de nossa pele. Mas nos achamos tão diferentes por causa do que sabemos, do que possuímos ou, as vezes, até por causa da cor de nossa pele! Diante da certeza de que Deus nos daria qualquer coisa que pedíssemos, talvez fizéssemos os pedidos mais egoístas, se é que já não fazemos! Quando foi que consideramos não pedir a Deus algo para assim nos submetermos à Sua vontade? Em nome de cumprirmos algum propósito por amor a Deus ou ao próximo? Falta-nos essa grandeza. Queremos muito o Poder de Deus e nos esquecemos de buscar maior proximidade e semelhança com o caráter de Deus. Mas é isso que Paulo está nos dizendo que devemos fazer. Devemos agir como Jesus. Hoje, pratique pequenos gestos que aproximem você desse ideal. Quem sabe hoje, o melhor a fazer como cristão será não se impor, não usar seu poder, mas ceder, ser humilde? Que hoje haja mais semelhanças entre você e Jesus!
ucs