Que nada me tire o olhar que vê miudeza, reparar folha caindo, notar desenho de nuvem, sorrir pra céu azul, flagrar borboletas abraçando flor.
Que nada me tire os olhos demorados em olhos amados. Isso que me faz perceber mudança de lua, procurar estrelas na noite, ter vontade de molhar a vida no mar, sentir prazer com os pés descalçados na areia, experimentar gratidão por tanto, por tudo.
Que nada me tire à lembrança de que joaninha existe. O ouvido bom pra ouvir o canto do passarinho, a mão que sente textura de árvore, a reverência pelo canto do vento, a espera pelo pôr do sol, o cheiro de terra molhada que anuncia chuva.
Que nada me tire à alegria pela canção bonita, o encanto pela delicadeza, a tristeza pelo que machuca o interesse por colecionar amizades, o coração tocado pelo amor dos animais, os olhos marejados pela história de amor.
Que nada me tire à sensibilidade, a admiração, a surpresa, a capacidade de sentimento, o valor e mistério do olhar.
Eu não suportaria passar pelo mundo, sem ter vivido o amor com tamanha intensidade.
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