Senta que lá vem história!
Ele era talentoso e ganhou reconhecimento público por sua engenhosidade. Outro se revela igualmente talentoso. Elimina o rival. Recebe a proteção de uma autoridade poderosa e fica impune. Trai o seu protetor repetidamente. Até ser descoberto. Consegue a proteção de uma nova autoridade poderosa. Vive desde então, rico e realizado.
De quem é essa história? Você provavelmente pensou em nomes conhecidos na mídia. Mas se trata de Dédalo, personagem da mitologia grega.
Joseph Campbell me seduziu com a possibilidades de identificar a verdade dos homens de todos os tempos a partir do conhecimento dos mitos.
Vivemos tempos de crescimento exponencial da tecnologia, que molda comportamentos. Porém, é importante observar que a velocidade das mudanças estão em descompasso com a capacidade humana de assimilação e adaptação.
O entendimento da base de conhecimento humano, que permanece sólida em um mundo líquido, ajuda a nos proteger e guiar em meio a complexidade.
As ferramentas tecnológicas monitoram e apontam padrões de comportamento. Isso, somado a compreensão sobre como pensamos, como as emoções influenciam decisões de compra, potencializa o desempenho em engajamento e vendas.
Em um cenário complexo e veloz, a habilidade de conectar pontos para criar uma imagem completa exige não apenas fluência digital, mas fluência humana.
Nessa direção, as big techs se tornaram dominantes. Empresas como a Amazon investem na habilidade monitorar não apenas intenções, hábitos e atitudes, mas também emoções.
Do latim emovere, movimento para fora, as emoções levam a realizar ações no mundo.
Jill Taylor, neuroanatomista, diz que não somos criaturas pensantes que sentem, somos criaturas que sentem e também pensam.
Dentre as emoções mais usadas para conduzir a ação, o medo é a mais frequente. A combinação de medo com tecnologia promove sofisticação à fórmula. E está na essência do caso Cambridge Analítica- Facebook.
As possibilidades criadas em combinar emoções e tecnologia para estimular comportamentos fazem o marketing falar menos em “persuasão” e mais em “mobilização”. Um upgrade, também por conta do tempo do “propósito”.
Marcas humanizadas e costumer-centric são premissas. Com o novo despertar para a necessidade primordial humana de “significado”, algumas marcas estão adotando o posicionamento people-centric, e promovendo condições para gerar impacto positivo no mundo.
A experiência da recente pandemia trouxe questionamentos importantes sobre como vivemos, o que consumimos e como nos relacionamos, destacando as ações baseadas nesse posicionamento.
Afinal, queremos transformar o mundo! E essa necessidade une as dimensões sobrevivência, psicológica e autorrealização. Ou seja, as necessidades humanas de maneira ampla.
O consumidor é mobile, always on, busca no Google e nas redes sociais, quer tudo real time, pesquisa por voz, conversa com bots inseridos em anúncios, usa e abusa de aplicativos de mensagens, monitora a saúde com wearables e deixa uma quantidade absurda de rastros digitais, porque a tecnologia disponível assim permite.
Porém, como demonstra Dan Ariely, pesquisador de Economia Comportamental, seguimos previsivelmente irracionais quando tomamos decisões.
Não vivemos mais como os nossos pais, mas ainda somos os mesmos.
Por Ana Carolina Monteiro
- Informativo produzido pelo Sindicato das Agências de Propaganda do Estadoda Bahia( Sinapro-Bahia)