Coluna Jurídica: A posse de um ícone

Coluna Jurídica: A posse de um íconeNesta última quinta- feira, dia 22 de novembro, o ministro Joaquim Barbosa tomou posse como presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, a mais alta corte do país. Em seu discurso criticou principalmente a desigualdade de acesso à Justiça.

O novo presidente do STF é mineiro de Paracatu, o irmão mais velhos de uma família com oito filhos. Teve pais com pouca formação escolar, sendo o pai pedreiro e mãe dona de casa. Conta sua biografia que, com a separação dos pais, passou a assumir a responsabilidade pelo sustento da família e ainda aos dezesseis anos partiu sozinho para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, assim como seu mestrado.

Ainda em sua biografia, amplamente divulgada em vários sites da internet, consta que foi Oficial de Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores (1976-1979), tendo servido na Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia e, após, foi advogado do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) (1979-84). Prestou concurso público para procurador da República, e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por quatro anos, tendo obtido seu mestrado e doutorado ambos em Direito Público, pela Universidade de Paris-II. Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi professor visitante na Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law (2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade. Foi indicado Ministro do STF por Lula em 2003. Embora se diga que ele é o primeiro negro a ser ministro do STF, ele é, na verdade, o terceiro, sendo precedido por Hermenegildo de Barros (de 1919 a 1937) e Pedro Lessa (de 1907 a 1921).

É uma biografia de tirar o fôlego. Invejável, principalmente quando se olha as condições sociais e financeiras de quem hoje preside um Tribunal que desde sua criação em 1824, nunca havia condenado um político. .

Nós, povo brasileiro, acabamos por nos ver em Joaquim Barbosa. É um ministro que transpira Brasil. Um país de um povo sempre empobrecido, carente de oportunidades, carente de recursos financeiros, mas não carente de esperança, esforço, garra e vontade. Um país respira melhor, sabendo que alguém com a sua cara, o está representando no topo de um dos três poderes do Estado.

Um homem assumiu como ministro do STF em 2003, um ícone assumiu agora a presidência do STF. O Brasil celebra, como se fosse cada filho de cada mãe brasileira, levando esse orgulho para casa. O Brasil celebra como se Barbosa fosse nosso familiar, nosso conhecido, nosso vizinho de porta, nosso amigo. Joaquim Barbosa dá exemplo e esperança aos nossos jovens, nos ensina que a vida pode dar certo. O STF hoje está mais próximo de cada um de nós brasileiros. Como cantado na posse de Barbosa pelo ministro Luis Fux, podemos dizer hoje à Justiça Brasileira: “… já não dá mais pra viver, um sentimento sem sentido, eu preciso descobrir a emoção de estar contigo, ver o sol amanhecer e ver a vida acontecer, como um dia de domingo”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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