No fundo do poço

“Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada. Caindo em si, ele disse: Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.” (Lucas 15.16-19)

Na parábola dos dois filhos, a trajetória do mais jovem, que pede sua parte na herança e desperdiça tudo com sua falta de sabedoria, chega a um ponto em que ele está no “fundo do poço”. Falta-lhe alimento e dignidade. Ele desejava a comida que usava para alimentar os porcos e nem isso lhe davam. É quando ele enxerga que os empregados de seu pai tinham uma vida mais digna do que a que ele estava vivendo. E começa a desejar o que eles tinham como empregados, depois de ter desprezado o que teve como filho. Mas, como consertar o grande estrago que havia feito?

Ele decide então dar passos práticos: pegar o caminho de volta, admitir seu pecado contra Deus e contra seu pai e humilhar-se para, pelo menos, ser aceito como um empregado. Afinal, havia consumido tudo a que tinha direito. Essas são as resoluções do rapaz e veremos em que tudo isso dará. Mas há lições para nós aqui, pois ele nos representa, de alguma forma. Ele protagoniza a insensatez que nos leva a perdas e dores. Mas também protagoniza nossa possibilidade de arrependimento e de atitudes que podem nos tirar do “buraco”. São atitudes que nos levam ao fundo do poço, e serão atitudes que nos tirarão dele. Normalmente vamos para lá sozinhos, mas dificilmente sairemos de lá sem ajuda de outros e, especialmente, de Deus.

O rapaz está a caminho, voltando para a casa do pai. O que pretende fazer é pleitear um lugar de empregado. Embora chame de pai o homem a quem pedirá ajuda, não pensa mais em si mesmo como um filho. Talvez por sua culpa, talvez por seu modo de ver a vida. Antes via seu pai como o possuidor de uma herança que desejava. Agora, como um homem rico que pode melhorar sua condição. Ele está voltando para o pai pela mesma razão que o fez abandoná-lo: riqueza. Como ele, podemos tratar Deus da mesma forma: abandoná-lo para satisfazer nossos desejos e procura-lo também para isso, desejando suas bênçãos. O rapaz ainda não havia entendido o significado de sua relação com seu pai. E nós? Já entendemos o significado de nossa relação com Deus?

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