Um país não é desenvolvido quando tem dinheiro, é desenvolvido quando proporciona bem-estar à sua população. Não basta você ser rico, famoso e bonito, você tem que ter bem-estar. O meu livro preferido de Freud é “O mal-estar na civilização”. É a civilização que nos reprime e nos causa mal-estar. A cultura é subalterna à civilização. Não fosse a civilização, nós viveríamos como os bichos que somos, partilhando a comida colhida ou caçada, criando os filhos como se eles fossem de toda a comunidade, sem restrições quanto à divisão, o descanso ou o sexo.
É a civilização que nos impõe regras. Queremos mais do que comer, dormir e se reproduzir? Queremos construir, descobrir, inventar, realizar? Queremos que a vida tenha sentido? Bem, há um preço a pagar por isso.
E o preço é que, às vezes, você sentirá um profundo e invencível mal-estar, você pensará que tudo está errado, achará que não tem saída e procurara um terapeuta. A civilização já não tem mais esse poder sobre minha pessoa. Porque, mais do que tudo, sou indulgente comigo mesmo. Eu me perdoo, eu me desculpo, eu digo de mim para mim. “Você não fez mal. Isso tem feito grande bem à minha consciência. Ela está leve, ela está relaxada”. Em resumo, como diria o Lulu Santos, você tem de se permitir.