‘Dessa vez é pior’, diz governador
O governador Rui Costa voltou a falar, neste sábado (25), sobre as fortes chuvas que atingem quase todas as regiões da Bahia, em especial o sul, desde a última quinta-feira (23). De acordo com ele, em relação ao temporal que afetou o extremo sul no início de dezembro, a situação é pior agora, porque abrange maior número de localidades.
“A constatação é que o epicentro da chuvas deslocou-se do extremo sul para região sul, especialmente entre as cidades de Ilhéus e de Vitória da Conquista. Então, todas as cidades que estão neste intervalo foram fortemente atingidas pelas chuvas”, comentou.
“É uma situação de risco, porque agora são mais locais atingidos. Antes, era uma coisa mais concentrada em quatro cidades e agora, está se espalhando. Então, dessa vez é pior”.
Segundo ele, as autoridades ainda estão levantando os estragos, mas já é possível afirmar que há grande número de desalojados em pelo menos 20 cidades.
A estimativa dele é de que cada cidade tenha, ao menos 300 pessoas fora de suas casas. “São milhares de pessoas que tiveram de sair de suas casas, porque a água subiu um metro, dois metros, em alguns lugares, até três metros”.
Neste sábado, o governo do estado anunciou a instalação de uma base de apoio em Ilhéus, e avalia se o mesmo vai ser feito no aeroporto de Vitória da Conquista, na região sudoeste, que também enfrenta problemas por causa do temporal.
“Estamos mensurando o estrago. Mas, de imediato, a partir de hoje as equipes já começaram a chegar em Ilhéus para montagem desse centro de operações, que ficará no aeroporto e no Colégio Militar”, detalhou.
Além disso, conforme Rui, o governo já enviou, neste sábado, cestas básicas, colchões e outros itens para as vítimas. “A prioridade neste momento é retirar todas as pessoas das áreas de riscos, restabelecer serviços e abrir estradas. As providências formais também já estão sendo adotadas, do ponto de vista da papelada, para os municípios terem acesso a recursos para assistência”.
Também neste sábado, o governador também se reuniu com prefeitos dos municípios afetados e com três ministros do governo federal: João Roma, da Cidadania, Rogério Simonetti Marinho, do Desenvolvimento Rural, e Marcelo Queiroga, da Saúde, além do Alexandre Lucas, da Defesa Civil Nacional.
“Nós alinhamos as medidas que deverão ser tomadas. Vamos montar esse centro de comando único, que vai reunir os órgãos estaduais e federais no mesmo espaço. Nós teremos uma coordenação única, seja para área de saúde, de apoio logístico, de resgate”.
“O governo federal colocará aeronaves, nós já estamos com aeronaves e com fé em Deus, nós receberemos mais manifestações de envio de apoio, ou seja, helicópteros, botes, bombeiros”.
O apoio federal inclui combustível e aeronaves para auxiliar nos resgates. A base de apoio em Ilhéus, no Sul do estado, conta com o reforço de equipes da Polícia Militar da Bahia, do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia, da Secretaria Nacional de Defesa Civil, da Superintendência Estadual de Defesa Civil (Sudec) e da Polícia Rodoviária Federal, que enviará aeronaves e agentes.
O governo estadual também convocou o Conselho Nacional de Corpos de Bombeiros Militares do Brasil (Ligabom), instituição que reúne bombeiros de todo o país, e garantiu que a base avançada em Itamaraju permanece montada, apoiando os moradores do extremo sul.
Os governadores de cinco estados já declararam ajuda para a Bahia: João Dória, de São Paulo, Romeu Zema, de Minas Gerais, José Renato Casagrande, do Espírito Santo, João Azevedo, da Paraíba, e Flavio Dino, do Maranhão, além de agentes do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, com oito servidores, dois botes e duas caminhonetes.
A previsão é de que as primeiras equipes do estado de São Paulo embarquem às 7h de domingo (26) do Campo de Marte para Ilhéus. Serão 36 profissionais dos bombeiros e do Comando de Aviação da Polícia Militar. Ainda neste sábado, cinco embarcações e alguns equipamentos foram enviados de São Paulo para o sul da Bahia. Além dos militares, o governo de São Paulo também vai disponibilizar dois helicópteros e dois aviões.
Em todo o estado, são 66 cidades em situação de emergência por causa das chuvas. Até a noite de sexta-feira (24), foram registradas 17 mortes provocadas pelas chuvas que atingem a Bahia desde o início de novembro.
Segundo informações da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), 3.788 pessoas ficaram desabrigadas e precisaram de apoio das prefeituras e 10.955 ficaram desalojadas (tiveram que abandonar seus imóveis, mas não necessitaram de abrigo) até sexta-feira (24).
As regiões sul e sudoeste do estado são as mais afetadas pelas chuvas. Em Itororó, o número de desabrigados chegou a 200 neste sábado; em Guaratinga, os temporais deixaram 600 pessoas desabrigadas e causaram o desabamento de 58 casas. Além disso, 25 pontes ficaram danificadas, deixando comunidades em isolamento.
Temporais também afetam outras partes do estado: as cidades de Ibipeba e João Dourado, na região norte, sofrem com o alagamento de vias e casas desde quinta-feira (23). A situação é semelhante em Salvador, que antes do fim de dezembro já registrou volume de chuvas cinco vezes maior do que o esperado para o mês inteiro.
A chuva que atingiu quase todas as regiões da Bahia no início do mês tinha dado uma trégua, mas voltou a cair com força desde quinta-feira (23) e se intensificou na sexta (24), permanecendo até este sábado.
De acordo com a Superintendência de Proteção e Defesa Civil do estado, os municípios mais afetados pelos temporais recentes são: Coaraci, Dário Meira, Firmino Alves, Floresta Azul, Guaratinga, Ibicuí, Iguaí, Itabuna, Itajuípe, Itambé, Itapitanga, Itororó e Pau Brasil.
Fonte: G1