Página virada na monarquia britânica, verdadeira página da alma de todo inglês foi a rainha Elizabeth II. A minha impressão inicial é que ele é seco como a febre de quem não transpira.
Vai exercer um reinado automático até que a morte chegue, quem tinha luz era a princesa Diana, amei sua sensibilidade, seus silêncios intermináveis pela indiferença do príncipe Charles, viveu um sentimento de solidão perpétuo.
O erro maior de Charles III já foi cometido. No entanto, o acaso propôs a ele um enigma, isto é, uma porção de lembranças dela. Lembranças sem forma e sem cor. Sem cheiro e sem sons, enquanto for rei, pois a joia desta coroa era ela.
Amanhã é lua cheia, o sol do fim de tarde baixa rumo ao descanso. A dor do povo inglês é grande após setenta anos convivendo com a rainha Elizabeth II, os únicos sons, que ouço agora, são a respiração, o vento que corre através da janela. A semiescuridão e o silêncio são como estar num útero quente e reconfortante.
Pego o controle remoto e troco de canal, mas deixo a televisão no mudo. Teria a sua vida sido assim? Um casamento breve, mas, lindo; a chegada do primeiro filho nove meses depois.
Mas, o contraste não me esmaga – liberta-me. Eles avançaram pelo caos sem dar atenção às convenções da Família Real. Quando as trevas passaram por eles como corante pela água, agora, o rei Charles III deu uma guinada do caos para o brilho solitário de ser rei, sem a verdadeira rainha.
João Misael Tavares Lantyer