Cemitério dos vivos

Cemitério dos vivos

Hoje, vivemos pendurados em regras rígidas, em locais como restaurantes, salas de aula, e também tendo a obrigação cívica de tomar a vacina além dos protocolos em diferentes espaços públicos, gotas que são amargas e queimam em todos nós. Um estado mental sem liberdade plena. Parece um cemitério do mundo que já existiu e não voltará jamais, estamos sem nenhum contorno definido de como será o desfrutar da vida. Assisti a final do surf com a medalha de ouro de Ítalo Ferreira, só trinta segundos para as fotos, sem as máscaras. Rostos mascarados abafando o sorriso da vitória.

Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir o que estou vivendo. A minha mente vaga pelas memórias dos tempos livres para tudo, estes pensamentos caem como folhas numa poça agitada, flutuando em giros numa espiral infinita, que nunca retornará. O tempo é o nosso melhor recurso mas ele é implacável, como dizia o filósofo Heráclito, “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou” e o mundo teve uma transformação rápida neste um ano e meio, principalmente, com o vácuo de milhões de mortes, divórcios, desempregos, solidão, fome.

Uso a escrita e a palavra para estabelecer laços e para criar beleza com a profundidade da reflexão se diluindo no silêncio de quem lê.

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