Como parte das comemorações do Dia Internacional dos Povos Indígenas, foi apresentada oficialmente na cidade de Belmonte, Portugal, a tradução da célebre Carta de Pero Vaz de Caminha na língua Patxohã. Formalizada como língua cooficial de Porto Seguro através de decreto assinado pelo prefeito Jânio Natal, o Patxohã é a língua falada pelas comunidades do povo Pataxó que vivem em Porto Seguro e região. Com a presença de indígenas e de representantes da Secretaria de Educação de Porto Seguro, o documento foi entregue ao presidente da Câmara de Belmonte, Antônio Dias Rocha. “Esta obra foi uma surpresa muito grande. É de um enorme simbolismo esta tradução”, afirmou o presidente.
O acontecimento, transmitido pela rede de televisão RTP, de Portugal, mereceu também elogios por parte da ministra dos povos indígenas, Sônia Guajajara. “Esse momento nos enche de orgulho pela oportunidade de demonstrar o nosso respeito e deferência pelos nossos parentes pataxós”, disse o prefeito Jânio Natal. Ele agradeceu à ministra pelo reconhecimento público. “Gostaria de reafirmar o nosso compromisso em continuar trabalhando pela defesa da tradição e da cultura dos nossos irmãos Pataxó”, salientou o prefeito. O chefe do Executivo já se comprometeu a participar da do lançamento oficial do documento, traduzido em quatro idiomas – incluindo o português e o Patxohã – que será realizado ainda este ano em Portugal.
Para o secretário da Casa Civil da Prefeitura de Porto Seguro, Josemar Siquara, essa tradução foi um grande feito da cultura de Porto Seguro por meio da Secretaria de Educação. “Foi uma tacada de mestre fantástica da gestão municipal, mostrando que Porto Seguro tem respeito pelo povo Pataxó e pelos indígenas do Brasil”. Segundo Josemar, a transmissão do assunto pelas redes de TV portuguesas mobilizou tanto o país, que os indígenas de Porto Seguro foram reconhecidos e parados nas ruas, para dar autógrafos e tirar fotos, virando algo inédito em Portugal. “Essa ideia começou pequena, pelo fato de o prefeito Jânio Natal ter reconhecido por lei, a língua patchohã como nossa língua cooficial e culminou nesse belíssimo documento que será disponibilizado também para os brasileiros e para todo o mundo. E esse é mais um reforço do prefeito Jânio Natal para a cultura e a identidade do nosso povo”, salientou
Sileyne Pataxó, uma das autoras da obra, lembrou as dificuldades para concluir a tradução. “Foi um trabalho muito difícil, pois o português é complicado, mas fizemos de tudo para que ficasse o mais fiel ao original”, garante. Segundo ela, o grande objetivo é “mostrar a resistência de um povo, da língua do nosso povo Pataxó. Já trabalhamos em tradução de textos há algum tempo, mas este é o primeiro texto oficial que fizemos, no sentido de fortalecermos ainda mais a questão da língua para o nosso povo”.