Capela dos Ossos

Capela dos Ossos

Já fomos a Portugal várias vezes. Em uma das viagens, estivemos em Évora, e lá há uma construção assustadora, toda recoberta por ossos humanos. Para lembrar os mais distraídos do quanto a vida é transitória, os monges franciscanos que a construíram no século XVIII inscreveram na entrada: “Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.” Pensei, diante da transitoriedade de tudo, que complicar a vida é, no mínimo, falta de inteligência.

Chego à conclusão de que uma vida leve não é uma vida fácil nem superficial. É, sim, uma vida simples. E simples não quer dizer pequeno ou banal. Simples é aquilo que é menos desgastante, que não esgota nossa energia. Posso ter uma vida simples aqui, como em Nova York, assim como posso ter uma vida complicada na Chapada Diamantina.

Sei que vivemos sob o implacável sol do destino. Sempre ocupados com alguma coisa, com algo que não somos nós, sempre temos o que fazer e com o que nos preocupar: com dinheiro, com a promoção na carreira, com a paz em casa, com assuntos de escola e filhos doentes. Sempre estamos cercados pelos grandes e sagrados deveres do cidadão, mas lembre-se sempre da inscrição da Capela em Évora: “Nós, ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos.”

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