No caminho, um caminhão virou e tomou as duas pistas, perto de Lençóis, contratempo de quase duas horas. Dentro de mim há uma roda constantemente a girar, da exaustão para a alegria, da melancolia para a felicidade, e sei que o universo tem apenas o tamanho de nossa percepção, e o Capão nos levará após este stress para a felicidade interior. Local silencioso, exceto pelo som da natureza, serpenteando ao redor das rochas e ondulando a paisagem do nosso hotel. Uma dupla de pássaros voa entre as rochas. Há um vinho merlot na minha taça. Estas duas palavras “estou vivo” me enchem de uma sensação profunda de gratidão, aqui que parece tão perto do divino. A gratidão não é uma escolha: ela ocupa a mesa de centro da sala como um livro, você mal percebe a sua presença, mas está lá. Como um pescador de pérolas, mergulho nas águas mais fundas do meu ser, onde encontro o sentido da eternidade. Fomos à vila com um friozinho gostoso. É magnífico ficar deitado em meio a este solitário ecossistema de aromas e sons e espiar o céu com os olhos apertados, ou aguçar os ouvidos e escutar dentro das árvores escuras atrás dele, ou se espreguiçar com os olhos fechados e sentir em todos os membros um cálido e profundo bem-estar. Parece um local celestial, criado para o deleite das pessoas. Nós atolados em problemas e preocupações, devemos invejar a felicidade despreocupada e inocente deste local.
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