Este mundo ainda é um mundo masculino, dos doze pré-candidatos a presidência apenas a senadora Simone Tebet representa o sexo feminino. Numa eleição assim, cheia de testosterona, todos querem ocupar espaço. Os políticos de hoje, tenho a náusea física do estômago. São os idealistas sem ideia. São os pensadores sem pensamento. Há uma absorção no canto desconhecido da minha consciência de que não temos rumo nem projetos de longo prazo. Sinto a necessidade de organizar uma troca entre os mais favorecidos, que devem se subtrair de “sua solidão egoísta”, e as massas populares, que devem ser tiradas de “sua ignorância”.
Já tenho sessenta e cinco anos e desde que deslumbrei o meu país sempre vi uma criança que chorava no colo da mãe aflita, no mesmo momento em que um grupo de rapazes sem rumo falavam de eleições. O Brasil é a terra da flor esquecida e da fruta saborosa. De um lado e de outro destas estradas, se tivéssemos rumo tudo seria diferente. Invejo um líder político em que seu coração seja capaz de bater através de toda a pátria, e que se orgulhe de ser simples e direto. Pouca coisa mudou nos últimos cinquenta anos, e se mudou foi para pior. Existe hoje a dor que machuca com desemprego, fome, violência, o passado já não tenho e não deixou saudade e o futuro uma incógnita. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. O brasileiro é hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.