Caminhar

Caminhar

Aqui em casa nós gostamos de andar, andamos bastante. Há dias em que caminhamos 10, 12 km. Não é o habitual. Mais comuns são caminhadas que variam entre 3 e 6 km. Os percursos são incertos e as andanças casuais. Se o passo é lento e se as paradas são frequentes, ainda que seja melhor que não caminhar, tenho dúvidas quanto aos benefícios de um passeio assim para a saúde. Por isso mesmo, decidi fazer caminhadas regulares, dia sim, dia não, de aproximadamente 6 km. São 40 minutos, esses, sim, acelerados, para o coração bater com força, mas peno com a minha indisciplina: já falhei uns tantos dias.

Numa dessas manhãs, fiz um percurso diferente, a manhã fresca e as ruas vazias. Pouco antes da Igreja da Vitória passou por mim um casal, vinham pela rua, cada um na sua bicicleta; pedalava rente à borda da calçada, observei os dois enquanto desciam a Ladeira da Barra, que tem inclinação para acelerar o giro. A mulher soltou um grito agudo quando começou a descer mais rápido – sobressalto e deleite. E assim foram os dois. Salvador hoje tem uma malha cicloviária com cerca de 310 km de ciclovia, espalhadas pela cidade, mas não neste ponto da Ladeira da Barra onde o casal passou. Ali, a rua tem asfalto e é relativamente movimentada; passa carro, passa ônibus. As ruas estavam desertas, como se todo mundo tivesse decidido ficar em casa, pois era domingo. Caminhando nós abrimos um espaço entre o estímulo dos passos dados e a reação do sangue sendo bombeado pelo coração, as ideias surgem, são como o sangue; precisam circular e nos mantêm vivos, este um dos benefícios da caminhada, o surgimento de ideias novas para a vida.

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