Cacau

Cacau

Tenho ligação com o cacau, meu bisavô Misael da Silva Tavares emprestou dinheiro ao estado e levou para Ilhéus o primeiro elevador do país, que está no Ilhéus Hotel, também construído por ele e hoje pertence a um tio meu. A maioria dos fazendeiros de cacau viviam quase sempre longe de suas fazendas e só as visitavam uma vez ou outra por ocasião da safra.

Acredito que o administrador da fazenda rouba dos dois lados: ao braçal e ao fazendeiro, mas o maior prejuízo para o fazendeiro além da vassoura de bruxa é a seca, e os incêndios que ela costuma trazer. O cacaueiro é plantado na sombra da bananeira.

Meu avô foi rico, lembro de que mandou seu motorista levar meu pai, fui também com minha mãe a Itabuna para resolver uma questão trabalhista e ficamos no melhor hotel, e de ele ter esquecido não lembro o que em Ilhéus e o motorista foi buscar.

Meu avô Misael contou uma história que nunca esqueço do meu bisavô Misael da Silva Tavares, ele tinha um compadre pobre, que ele gostava muito e este compadre quase todos os meses mandava um caixote de ovos para meu bisavô de seu sítio, mas com frete a pagar. Sempre escrevia no caixote: “Cuidado é ovos.” – mas muitos quebravam com o solavanco do trem. E ele perguntava a minha bisavó “Mulher, a quanto está a dúzia de ovos?” Ela dizia. Ele fazia o cálculo do frete que pagava, mais do carreto da estação até a casa e coçava a cabeça com um ar engraçado: – Até que os ovos do compadre não estão me saindo muito caros desta vez. Um dia ela perguntou se não era melhor avisar ao compadre para não mandar mais ovos; afinal, para ele, coitado, era um sacrifício se desfazer daqueles ovos, levar o caixote até a estação para despachar; já que para meu bisavô ficava mais em conta comprar ovos na cidade. Meu bisavô respondeu: – Não diga isso. O compadre ia ficar sem graça. Ele é muito pobre. Com pobre a gente tem de ser muito delicado.

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