Brasília ganha Banco Público de Sangue de Cordão Umbilical

Investimento na expansão da Rede BrasilCord é de R$ 31,5 milhões. O objetivo é chegar a 65 mil unidades de cordão armazenadas, o suficiente para atender a demanda nacional

A sétima das 13 unidades previstas da Rede de Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical (Rede BrasilCord) foi inaugurada na manhã desta terça-feira (1º) na Fundação Hemocentro, em Brasília, com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Ao todo, R$ 31,5 milhões estão sendo investidos nesta fase de expansão da Rede, que conta com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Quero chamar a atenção que a rede de bancos de sangue de cordão umbilical e placentário é fundamental para quem precisa de um transplante de medula óssea. Paralelamente, o Brasil hoje já é o terceiro maior banco de doadores voluntários do mundo, de pessoas vivas, com 1,6 milhão de doadores (no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o Redome)”, ressaltou o ministro, reforçando a importância em se reduzir cada vez mais a dependência de doadores do exterior.

O objetivo ao final desta expansão da Rede Brasil Cord, que deve ocorrer até 2011, é que haja 65 mil unidades armazenadas de cordão umbilical – número considerado suficiente para atender a demanda nacional de transplantes de medula óssea, juntamente com o Redome. Isso significa, ainda, que o Brasil terá uma das maiores redes públicas de cordão umbilical do mundo.

“Este projeto de expansão vai ampliar muito a probabilidade de um brasileiro que precise de transplante encontrar um doador compatível, seja um doador voluntário, seja com uma unidade armazenada nesta Rede BrasilCord nos diversos estados brasileiros”, acrescentou o ministro.

Diversidade étnica

A Rede BrasilCord foi criada pelo Ministério da Saúde em 2005, é gerenciada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e tem os recursos administrados pela Fundação do Câncer. Já dispõe de bancos públicos também em funcionamento no INCA (RJ); no Hospital Albert Einstein, no Hemocentro da Universidade de Campinas/Unicamp, no Hemocentro de Ribeirão Preto e no Hospital Sírio Libanês (SP); e no Hemocentro de Florianópolis (SC).

A ampliação da Rede BrasilCord prevê a construção até o final deste ano de unidades no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS); no Hospital de Clínicas de Curitiba (PR); no Hemocentro de Pernambuco; no Hemocentro do Ceará; e no Hemocentro do Pará. Já em 2011, deverá ser inaugurada a unidade no Hemominas, em Belo Horizonte, um projeto que contempla também a doação de tecidos.

Com o aumento do número de bolsas de sangue de cordão umbilical armazenadas de pessoas de todas as regiões do país, será possível assegurar que a diversidade da população brasileira – com características de miscigenação regionais distintas – estará contemplada nos bancos públicos. Essa medida aumenta as chances de pessoas de diversos grupos étnicos, como os indígenas, por exemplo, encontrarem doadores, caso precisem.

Falta de doadores compatíveis

A expansão da Rede BrasilCord no país é de absoluta importância porque, hoje, 75% dos pacientes não encontram doador compatível entre os irmãos e não há como suprir essa necessidade somente com os doadores voluntários, inscritos no Redome.

A doação do cordão umbilical do recém-nascido para um banco público é voluntária e autorizada pela mãe do bebê. As unidades armazenadas ficam disponíveis para qualquer pessoa que precise de transplante de medula óssea. Os bancos públicos mantêm convênio com maternidades, onde existem equipes treinadas para realizar a coleta do material no momento do nascimento da criança.

A coleta é simples. Após o nascimento, o cordão umbilical é pinçado e cortado, interrompendo a ligação entre o bebê e a placenta. A quantidade de sangue (de 70ml a 100 ml) que permanece no cordão umbilical é, então, congelada e armazenada. O processo não causa danos para o bebê.

Quando há um paciente com indicação de transplante de medula óssea, suas características genéticas serão comparadas com as do sangue dos cordões para verificar a compatibilidade. O transplante é semelhante ao realizado quando há um doador – ou seja, o paciente recebe as células-tronco por meio de transfusão.

Cresce o número de doadores

O Brasil hoje dispõe do terceiro maior banco de dados de doadores voluntários de medula óssea do mundo. Só fica atrás dos registros dos Estados Unidos (com 5 milhões de doadores) e da Alemanha (com 3 milhões de doadores).

A evolução desse número de doadores voluntários tem sido crescente nos últimos anos. Em 2000, eram 12 mil os inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores haviam sido brasileiros localizados no Redome. Agora há 1,6 milhão inscritos no Redome e o percentual passou para 70%.

Os investimentos do Ministério da Saúde em transplantes em geral aumentaram 343% entre 2002 e 2009. Em 2002, haviam sido investidos R$ 285,94 milhões. Já em 2009, foram R$ 990,51 milhões. O número de transplantes realizados no país, incluindo os de córneas e medula, teve crescimento de 5% nos dois últimos anos – 20.253 foi a quantidade de transplantados em 2009, enquanto em 2008 havia sido de 19.307.

Em 2009, ainda houve um recorde no número de doações. Foram 1.658 as doações de órgãos (em números absolutos) no ano passado – ou seja, se alcançou o índice de 8,7 doadores por milhão da população (ppm). Isso representa um crescimento de 26% em relação ao ano anterior. Em 2008, haviam sido 1.317 doadores, com índice de 7,2 ppm.

Esses avanços se devem ao processo contínuo de organização do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). Isso permite, por exemplo, que estados mais estruturados sejam compensados ao realizar transplantes de pessoas vindas de outras regiões. Os recursos para transplantes não possuem limite e a sua liberação depende exclusivamente da demanda de produção dos estados. Essa modalidade diferenciada de transferência de recursos garante maior agilidade às ações, já que o pagamento é feito diretamente ao prestador de serviço.

 

Fonte: Agência Brasil

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