A Federação Nacional dos Jornalistas divulgou, nesta quinta-feira, 22, o relatório anual sobre a violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil. Três profissionais foram assassinados no ano passado e mais de cem sofreram agressões. O relatório foi tema de matéria no Jornal Nacional e no Globo News.
O lançamento do relatório foi no Rio de Janeiro, estado considerado emblemático da violência sofrida por jornalistas em 2014. Em fevereiro do ano passado, no Centro do Rio, o repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, foi atingido por um artefato explosivo quando cobria uma manifestação e morreu.
Pedro Palma, dono e repórter do jornal Panorama Regional em Miguel Pereira, interior do estado do Rio, foi morto com três tiros na porta de casa. Ele denunciava casos de corrupção envolvendo políticos da região.
Em Teixeira de Freitas, na Bahia, a vítima foi o jornalista Geolino Lopes Xavier, “Geo Lopes”, também morto a tiros.
Os dois últimos assassinatos, segundo o relatório, tinham características de crime por encomenda.
O documento afirma que jornalistas ameaçados ou amedrontados, sem condições dignas de trabalho, ficam limitados na sua missão profissional de informar a sociedade para dar a ela um importante instrumento de constituição e exercício da cidadania. E ressalta que as variadas formas de violência são violações do direito humano à comunicação, às liberdades de expressão e de imprensa.
As agressões contra jornalistas diminuíram no ano passado, em comparação com 2013, mas ainda foram registrados 129 casos.
Foram as manifestações de rua que produziram a maior parte dos registros de violência contra jornalistas no exercício da profissão. Sessenta e cinco profissionais foram agredidos na cobertura de protestos em todo o país, o que representa metade do total de casos de violência.
As agressões físicas representaram 13%. E os casos de cerceamento à liberdade de expressão por meio de ações judiciais, que o relatório também trata como violência, foram 9%, 8% foram ameaças e intimidações.
O maior número de casos de violência foi na região Sudeste onde as manifestações de rua tiveram mais força. Policiais e guardas municipais aparecem como os principais agressores, seguidos de manifestantes e de políticos e assessores de políticos. De acordo com o relatório, na maioria dos casos, não se chega aos responsáveis.
Quase um ano depois da morte do marido, Patrícia Palma, viúva do jornalista Pedro Palma, ainda espera que o jornal que ele dirigia publique a notícia de quem foi o responsável pelo crime.
“Este ano foram três assassinatos. Ano que vem a gente vai ver este relatório com o que? Dez assassinados, 10 jornalistas assassinados? Então tem que deixar a impunidade de lado”, afirma Patrícia Palma.
“É a tentativa de atemorizar, de insensibilizar a sociedade como um todo. Então reagir a isso é a ideia do relatório. Precisamos estar alertas e precisamos nos mover como sociedade em nome, inclusive, destes companheiros que perderam a vida”, Celso Schröder, presidente da Fenaj.
Fonte: G1 / Globo