Brasil: Carga tributária x retorno para a população garantem último lugar em ranking

Por Daniel do Valle/O Sollo

Os brasileiros trabalham cinco meses do ano para pagar impostos, segundo estudo.

O Brasil continua na “lanterna” da lista, pelo 5º ano consecutivo, do ranking que analisa os 30 países com a maior carga tributária, em proporção ao retorno dos impostos para a população. De acordo com estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) na última segunda-feira (1), há uma disparidade entre a qualidade dos serviços públicos em relação ao valor desembolsado pelos contribuintes. Hoje, a carga tributária consome cerca de 150 dias de trabalho dos brasileiros ao ano, aponta o estudo.

Aqui, o trabalhador serve ao governo até o mês de maio e só a partir de junho começa a trabalhar em benefício próprio. São cinco salários para pagar os impostos e apenas oito para o contribuinte, contando com o décimo terceiro. Sem colocar a mão na massa e sem derramar uma única gota de suor, alguém está levando vantagem nesse sistema.

O ranking foi criado com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU), que mede o bem-estar e a qualidade de vida da população mundial. A arrecadação de tributos do país nas esferas federal, estadual e municipal, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) de 2013, também são consideradas pelo IBPT.

Conta cara

Além dos tributos trabalhistas e juros entre os mais altos do mundo, o brasileiro ainda paga impostos sobre quase tudo que consome. Na hora de abastecer, o taxista Márcio Sousa poderia pagar quase 60% a menos na gasolina, livre de impostos. “Eu não consegui repassar o aumento para os clientes. Com tanta corrupção, quem paga a conta é o povo”, protesta Sousa.

Segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, países como a Islândia têm uma carga tributária de 35,50% do PIB, Noruega 40,80% e Alemanha 36,70%. O Brasil apresenta valores semelhantes. Em 2013 os impostos corresponderam a 35,04% do PIB, mas a grande diferença é aplicação dos recursos em benefício da população, realizada pelos países europeus.

É muito dinheiro

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) criou um sistema online para medição da arrecadação de impostos no país, em tempo real, para esse ano. O “Impostômetro” revela que até agora foram repassados para os cofres do governo mais de R$ 860 bilhões. Com o valor seria possível construir quase três milhões de postos de saúde equipados; mais de 24 milhões de casas populares; cerca de 750 mil quilômetros de estradas com asfalto; construir mais de 62 milhões de salas de aula, ou 18 milhões de postos policiais e plantar 172 bilhões de árvores, segundo o site.

No topo da lista estão Austrália, Coreia do Sul e Estados Unidos, respectivamente. Esses países do “primeiro mundo” garantem o retorno dos impostos em benefício da população.

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