O Governo do Estado tem investido em tecnologias de convivência com o Semiárido para melhoria da gestão dos recursos naturais nas áreas de atuação do projeto Pró-Semiárido. Ações como a implantação de biodigestores, que possibilita o reaproveitamento do esterco para gerar o biogás, e biofertilizantes são alguns desses exemplos de tecnologias eficientes na redução dos impactos ambientais e na geração de economia financeira, além de promover mais qualidade de vida para as famílias agricultoras.
A engenheira agrônoma e técnica do Pró-Semiárido, Bruna Ribeiro, explica o funcionamento do biodigestor. “O Biodigestor Sertanejo tem a capacidade de decompor matéria orgânica, como esterco, para a produção de biogás, que é composto, principalmente, por metano e gás carbônico e, devido a essa composição, pode ser utilizado para substituir o gás de cozinha tradicional trazendo um retorno econômico para as famílias e, consequentemente, um impacto ambiental benéfico, por se tratar de uma tecnologia sustentável”.
Bruna acrescenta que muitas famílias na zona rural de região semiárida já adotaram como fonte de energia doméstica os fogões a gás – GLP – um combustível fóssil e, portanto, não renovável. Segundo ela, a implantação de biodigestores responde positivamente a esta demanda, pelo fato de o esterco ser produzido nas propriedades onde os biodigestores são instalados. Isso mantém a autonomia da família em relação ao principal combustível doméstico.
“Considerando que um botijão na zona rural pode custar até R$ 150,00, correspondente a 11% do salário-mínimo, deixar de ter esse custo tem grande impacto na renda mensal da família”, destaca Bruna.
O agricultor Arnaldo José de Lacerda, da comunidade Lagoa da Onça, de Campo Alegre de Lourdes, recebeu o biodigestor no início deste ano e ressalta que a tecnologia atendeu bem as expectativas. “Foi uma obra boa que fizeram pra gente, principalmente na economia de gastos pra nós foi muito bom. Antes, na média de 28 dias, a gente tinha que comprar botijão de R$ 120,00 e agora, com a chegada do biodigestor, já está com uns dois meses que a gente não gasta mais com isso. Já é economia para o bolso da gente. Aqui se cozinha com as quatro bocas as comidas que faz no decorrer do dia, direto, sem falhar”.
No município de Várzea Nova, na casa Gildete Souza, na comunidade Boa Esperança, também foi instalado um biodigestor. Ela conta que começou a usar a tecnologia em dezembro de 2022 e desde então não faltou gás para cozinhar os alimentos. “Nunca faltou, só basta ter o cuidado de abastecer. Hoje já não preciso abastecer todos os dias, somente de 15 em 15 dias. Aprendi que colocando milho moído junto com as fezes da vaca produz mais gás. Ele me ajuda muito, sem falar do resíduo que uso na minha horta e o biofertilizante que utilizo tanto para molhar como para pulverizar. Agradeço todos os dias por ter ganhado essa tecnologia”, comemora.
Além da economia gerada com o uso do biodigestor as famílias não precisam mais utilizar a lenha extraída da Caatinga para abastecer os fogões, o que, além de preservar o bioma, protege a saúde dos/as agricultores/as com a não emissão da fumaça dentro de casa.
Recaatingamento
A implantação dos biodigestores faz parte das metas ambientais estabelecidas pelo Pró-Semiárido dentro do projeto de Recaatingamento, executado em parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), em 20 comunidades, principalmente naquelas tradicionais de fundo e fecho de pasto, com previsão de isolamento de 1.000 hectares para recuperação de áreas degradadas e a conservação de 10.000 hectares de Caatinga.
A previsão é que sejam instalados 24 biodigestores até o fim da execução do projeto, e para auxiliar as famílias, pedreiros e organizações que se interessem pela construção dessa tecnologia, a equipe do Pró-Semiárido elaborou um manual com o passo a passo da construção, manejo e a lista de materiais necessários. Para acessar o conteúdo é só clicar no http://www.car.ba.gov.br/sites/default/files/2023-06/MANUAL_BIODIGESTOR_2023_WEB.pdf.
O Pró-Semiárido é um projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e cofinanciado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).