Segundo informações da 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis), a principal linha de investigação aponta que a motivação do crime seria disputa entre facções criminosas.
Os autores do duplo homicídio, que ainda não foram identificados, deixaram uma folha de papel com a frase: “PCE É BALA”, dentro da roupa de Carlos André dos Santos, de 29 anos, uma das vítimas. A sigla PCE faz referência à facção criminosa “Primeiro Comando de Eunápolis”.
Carlos André dos Santos e Ana Julia Freire dos Santos, de 22 anos, moravam em Eunápolis e passaram o feriado de Nossa Senhora Aparecida, celebrado na quinta-feira (12), no litoral de Porto Seguro. Eles foram mortos enquanto retornavam para o município em que residiam.
A 23ª Coorpin informou que Carlos André dos Santos foi baleado 18 vezes nas regiões das costas e no tórax. Nenhum estojo, cartucho intacto ou projétil foi encontrado no local.
De acordo ainda com a perícia, os corpos foram retirados do veículo, arrastados e deixados no local. Não existem evidências de que a execução do duplo homicídio tenha ocorrido onde as vítimas foram encontradas.
A estrada teria servido com um local de desova dos corpos de Carlos André dos Santos e Ana Julia Freire dos Santos e destruição do carro.
A polícia informou que Carlos André usava o veículo para trabalhar como motorista por aplicativo. Já Ana Julia trabalhava em uma autoescola, em Eunápolis.
Nas redes sociais, o casal se intitulava pai dos cachorros Maya e Mayllon. O perfil de Ana Júlia era aberto, sem restrições de visualização por usuários da rede social. Já o de Carlos André estava restrito para os seguidores dele.
Ações de facções na Bahia
A violência na Bahia tem chamado atenção por conta dos números de crimes violentos. Entre agosto e setembro deste ano, a situação se intensificou. A morte do policial federal Lucas Caribé, durante uma operação de combate a facções criminosas, fez com que o governo federal ampliasse suas ações na segurança pública do estado.
“Essa política de transferência (das facções de atuação nacional para a Bahia) aconteceu. E com isso, houve a proliferação dos grupos pelo interior do Estado. E o interessante na questão da interiorização dos grupos e também da violência é que eles tendem a se instalar ou ter mais dinamismo justamente nas regiões que são economicamente crescentes. Então, o Oeste da Bahia, o sul do estado, que também que é um interposto comercial muito grande. Então, está sempre associado a isso”, destaca o professor.
Apenas no mês de setembro, mais de 60 pessoas morreram em operações ou confrontos, dentre elas três policiais. O restante dos mortos, segundo a Secretaria de Segurança Pública, são membros de facções criminosas, ou suspeitos de outros crimes como roubos e homicídios.
Entre a sexta-feira (13) e o sábado (14), pelo menos seis pessoas morreram em confrontos com a polícia na Bahia. Os atos de violência aconteceram em Salvador e em duas cidades do interior: Ubatã, no extremo-sul, e Capim Grosso, a 278 km da capital.
Os índices de violência não são novidades para os baianos. Desde 2018, o Monitor da Violência do g1mostra que a Bahia registra o maior número de mortes violentas entre todos os estados do país. a nossa ferramenta faz análise de dados a partir de informações de órgãos oficiais, como a Polícia Civil.
Fonte: g1