Bebê baiano operado por doença rara no coração morre em São Paulo

Cauê foi submetido a uma cirurgia no último dia 8 de setembro. Ele morreu às 12h30 desta segunda-feira, segundo o hospital onde estava

O bebê baiano que teve que ser submetido a uma cirurgia em São Paulo devido a uma doença rara no coração morreu por volta das 12h30 desta segunda-feira (19), de acordo com informações da assessoria do Hospital Beneficência Portuguesa, onde ele estava internado. As causas da morte não foram divulgadas pelo hospital.

No sábado, o pai de Cauê informou que a criança já respirava sem a ajuda de aparelhos e que deveria sair da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital ainda esta semana.

Cauê foi operado no dia 8 de setembro e, embora o procedimento tenha sido considerado complexo, os médicos ficaram otimistas sobre sua recuperação. A expectativa dos médicos e da família de Cauê era de que ele continuasse a reagir bem ao pós-operatório, para passar por uma nova cirurgia quando completasse quatro meses de vida.

O caso

Cauê tinha uma doença rara no coração, chamada hipoplasia. O lado esquerdo do coração dele era menor do que o direito, o que impedia que o sangue fosse bombeado para o restante do corpo. O pai, Alessandro Lima Ribeiro, conta que o problema de saúde só foi detectado no segundo dia de vida do bebê. “Minha mulher teve uma gravidez super tranquila, os exames não apontaram nada disso”, afirma. O menino, que completaria dois meses de vida na próxima semana, foi transferido no dia 6 de setembro para São Paulo.

Alessandro lembra que quase 48 horas depois do parto cesáreo, realizado no dia 31 de julho, o casal se aprontava para deixar a maternidade do Hospital Português, em Salvador, quando a criança começou a apresentar sintomas de insuficiência cardíaca, ficando com o corpo roxo e falta de ar.

“Minha mulher e Cauê já tinham recebido alta, inclusive, ele tinha mamado normalmente. A médica até hoje não sabe como ele encontrou forças para isso diante desse problema tão grave no coração. Quando vi ele daquele jeito, chamei os médicos e ele foi levado direto para a UTI”, relata.

A cardiopediatra Zilma Verçosa, que fez o diagnóstico da doença em Cauê, explica que a hipoplasia poderia ter sido detectada através de um exame chamado ecocardiograma fetal. “A melhor maneira de se transportar uma criança nessas condições é na barriga da mãe, antes dela nascer”, explica. A especialista acrescenta que a maneira correta de tratar crianças com hipoplasia é quando elas já nascem em uma unidade especializada e passam por cirurgia nas primeiras horas de vida.

Segundo o pai de Cauê, na ultrassom morfológico, exame que apontaria a necessidade do ecocardiograma fetal, não houve indicação de que a mãe teria de passar por um novo exame. Alessandro e Tâmara não sofrem de doença cardíaca.

Luta para transferência

Cauê nasceu no Hospital Português, em Salvador, e assim que teve o problema detectado foi solicitada a transferência dele para o Hospital Santa Izabel, que também fica na capital baiana, e atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O bebê só foi transferido para a unidade de saúde no dia 30 de agosto, mas o hospital não tem estrutura para a cirurgia.

A médica que cuida do bebê conseguiu uma autorização para fazer o procedimento no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, e a Secretaria Estadual da Saúde da Bahia cedeu uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea. Como o plano do menino não cobre a cirurgia em outro estado, ele precisaria ter o nome incluído na Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade (CNRAC), e fazer o procedimento pelo SUS. No dia 1º de setembro Cauê conseguiu ter o nome incluso no CNRAC.


Fonte: G1

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