Natália, Talula, Diana e Daniel ajudaram a derrubar ‘fortões’ do reality show. Candidatos tentaram repetir trajetórias de Alemão e Dourado no programa
A vitória da Maria Melilo no “Big Brother Brasil 11” na noite de terça-feira (29) deu fim à supremacia masculina no reality show. Diferente de temporadas anteriores, bonitões musculosos e extrovertidos que se julgavam “bons jogadores” não tiveram vez. Com essa turma, o público foi implacável.
E olha que nesta edição o que não faltou foram releituras de “brothers” campeões. Difícil não comparar as condutas de Diogo Gago, Mau Mau e Rodrigão com as trajetórias vitoriosas de Diego Alemão, Max Porto ou Marcelo Dourado no passado.
Os campeões de outrora já aportavam na casa do reality show com uma carga tão grande de autoconfiança, que coagiam seus concorrentes. Diante deles, aos outros brothers da disputa restava se tornar “aliado” (agindo como amigo de décadas) ou adversário (abraçando assim o rótulo de “vilão”).
Sorte desses antigos vitoriosos não ter encontrado pelo caminho Natália, Talula, Diana, Daniel e Maria. Cada um a seu modo ajudou o público a perceber que estava ficando chato premiar sempre o mesmo perfil de competidor: o “ogro de bom coração”.
Foi o fim da “supremacia dos Shrek” e enfim, a vingança dos derrotados.
Espetáculo machista
Ao final do primeiro mês de “BBB 11”, Diogo, Mau Mau e Rodrigão já se julgavam finalistas. Em conversas particulares, os rapazes sonhavam alto com o momento em que só os três estivessem no confinamento – o que significava faturar os prêmios de R$ 50 mil, R$ 100 mil e R$ 1,5 milhão.
A primeira a se dar conta da tal postura foi Natália. Determinada e de poucos sorrisos, a moça venceu provas de resistência e logo ficou claro que na disputa estava no lado oposto ao dos “fortões”
Foi Natália quem indicou Mau Mau para o paredão que o eliminou – pela primeira vez. O rapaz voltou ao programa após ser escolhido pelo público em uma casa de vidro com ex-participantes. Mas nada que significasse favoritismo, como o trio pensava.
O espectador queria mesmo era ver Mau Mau “dar um flagra” em Maria, a namoradinha do brother na casa, que aquela altura estava aos flertes com um novo participante, Wesley.
O flagra foi dado e o que se viu na sequência foi um espetáculo triste e machista. Com a ajuda de Diogo e Rodrigão, Mau Mau passou a julgar e tratar Maria como a última das pecadoras. E não bastavam os pedidos de “perdão” que a moça fazia aos pratos ao “ex” pela “não-traição”.
Diana – a loira moderninha, que distribuiu beijos com leite condensado nos meninos e meninas da casa – foi a primeira a se escandalizar com o teatro misógino dos fortões. E incentivava Maria a concretizar seu flerte com Wesley, já que “num programa de TV ninguém vai casar mesmo, é só pegação”, dizia ela.
O olhar debochado de Diana contribuiu para que o público não se envolvesse no ridículo jogo de conservadorismo armado pelo trio. Maria não era Madalena. Apenas uma moça solteira participando de um reality show. Amor eterno e cinco minutos de fama – uma combinação fadada ao fracasso.
Romeu arrependido
Se Diana deu fim ao número de “Romeu arrependido” de Mau Mau, foi Talula quem alertou o resto da casa sobre o clima de já ganhou dos “fortões”. Mostrou ao resto dos participantes que se o trio não fosse desmanchado, seriam eles os eliminados.
Talula ganhou aliados – mas também perdeu. Jaqueline e Paula, por exemplo, preferiram seguir o caminho seguro e se aliar aos “ogros”. Afinal, eles costumam sair ganhadores do “BBB”.
Daniel comprou a ideia da colega. Esperto que é, pois ele mesmo não se encaixa no perfil dos “fortões vencedores” por ser homossexual, magrinho e nordestino. E, quem diria, acabou sendo chamado de “o protagonista” do “BBB 11” pelo apresentador Pedro Bial.
Com a sorte a seu favor, Daniel ganhou lideranças e atendeu ao “big fone”. Despachou em paredões Diogo e Mau Mau, que naquele momento já haviam esgotado a paciência do público, como demonstrou a alta porcentagem de votos.
Rodrigão, o favorito na disputa desde o início, foi o que mais se aproximou da final. Chegou a ficar entre os cinco, ao lado de Wesley, Maria, Daniel e Diana.
Teria sido interessante ver Diana na grande final. Mas o público apostou no bom mocismo de Wesley, o vice-campeão.
Maria está longe do padrão de mulheres que já venceram o “BBB”. Não é a moça pobre, semi-alfabetizada que sofreu muito na vida. Escandalosa e abobalhada, venceu porque se divertiu até dar vexame. E divertiu também o “grande irmão” que no fim das contas, é o próprio espectador.
Fonte: Dolores Orosco / G1