O som de coquetéis sendo preparados, o palitinho de misturar e o tinir de gelo partido dentro do copo, como a pulsação regular no crepúsculo. No caso, bares fechados e acolhedores e com o diferencial da iluminação, sabiamente dosada e bem direcionada dois a dois em paredes opostas, trazendo cor e certa atmosfera a um ambiente bastante despojado.
Nestes bares enchemo-nos de uma sensação anônima em que há alegria, e fome de viver. Mas o tempo corre, e as nossas sensações com ele se modificam. Em nosso corpo, a alegria e a tristeza está na ponta de uma corrente, lá fora, sob a luz do poste, a chuva caía. Era a única coisa que se via.
A noite, em volta, estava escura e o ruído da chuva uma constante, como o motor de uma geladeira. Os pingos, as folhas, o vento. Dentro, a agitação inebriante da música e a delícia dos drinks e petiscos dava a impressão de que as pessoas tinham mais vida. Quando finalmente chegam em casa, caem em um sono leve e contaminado pelas sensações vividas. As sombras, as luzes, os barulhos, o peso das cobertas sobre o corpo, o frio dos lençóis, o cheiro úmido do travesseiro, tudo é prazer.