Banho de Mar

Banho de Mar

Nos anos oitenta era assíduo frequentador do amanhecer no Porto da Barra. Ao chegar na aurora do dia, via os que amanheciam jogando “peteca”. O cheiro do mar me invadia e me embriagava. Oh, bem sei que não estou transmitindo o que significavam como vida pura esses banhos em jejum, com o sol se levantando pálido ainda no horizonte. Esta lembrança do mar emociona. Lembro que com as mãos em concha, eu as mergulhava nas águas e trazia um pouco do mar até a minha boca: eu bebia diariamente o mar, de tal modo queria me unir a ele.

O tempo passou e o mar do Porto continua o mesmo, o nascer do sol baixo no horizonte, a luz que recai suavemente sobre a areia, convenço-me de que já estou sonhando com os dias do passado. Fiquei um bom tempo ali imóvel, em atitude apática, com as mãos enlaçados atrás da nuca com meus pensamentos. O tempo, de repente, retrocedeu a grande velocidade. Nos meus olhos se acendendo de vez em quando uma faísca de felicidade. E, se não é felicidade, é de alegria, mas sei que o efêmero é a própria essência do viver. É o que a torna bela. O banho de mar no porto era inocente na manhã de sol.

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