Um médico residente em pediatra está entre os oito presos em Salvador, durante a operação “Luz na Infância”, de combate à pedofilia, realizada nesta sexta-feira (20) na Bahia, Distrito Federal e outros 23 estados. As informações foram divulgadas durante coletiva da Polícia Civil nesta sexta-feira (20), na Delegacia Especializada de Repressão a Crimes contra a Criança e o Adolescente de Salvador (Derca), na capital baiana.
Apreensões também foram feitas nas casas dos presos, e no computador de um deles a polícia encontrou um vídeo que mostrava o abuso sexual de um bebê de seis meses. De acordo com o Ministério da Justiça, 108 pessoas foram presas em flagrante na operação, até as 14h30, no país.
Nas residências dos oito presos foram encontrados computadores, pendrives, CDs, DVDs e diversos equipamentos de armazenamento de dados. Além do médico, um aposentado, um auxiliar administrativo, um estudante de engenharia química, um técnico em informática e outros dois homens cuja profissão não foi revelada também foram presos. De acordo com a polícia, parte deles mora em bairros de classe média de Salvador, como Pituba, Stiep e Chame-Chame.
Os homens, com idades entre 30 e 79 anos, não se conheciam e nem possuem antecedentes criminais. Na casa do idoso de 79 anos, a polícia ainda apreendeu munições e uma arma. A polícia informou que também não há registro de abuso sexual por parte dos demais suspeitos. O crime foi de possuir material pornográfico infantil nos computadores. Apenas no computador de um homem foram encontradas imagens em que ele aparece com crianças, mas a polícia investiga a veracidade da foto, pois desconfia de montagem.
Segundo a polícia, os presos usavam programas para compartilhamento do material pornográfico, semelhantes a aplicativos de música e vídeos.
“Essas pessoas não utilizam provedores comuns, então há uma dificuldade de detectar esse tipo de crime. O que nós investigamos é o crime de ter, publicar e divulgar [as imagens], mas as prisões em flagrante foram por crime de armazenar o conteúdo pronográfico. Utilizamos nas equipes investigadores que são especialistas em tecnologia da informação, que eles foram orientados a buscarem esses arquivos, então foi prova evidente”, explicou a delegada da Derca em Salvador, Ana Críscia de Araújo.
Ainda segundo a polícia, os presos são: David Gomes Passos, 30 anos, e residente de medicina; Cláudio Silva Conceição, auxiliar administrativo, de 46 anos; Thomaz Ferreira Silva Lopes, estudante de engenharia química, 22 anos; Edinilton Dias, aposentado, 67 anos; Roberval Santos Batista, de 41 anos; Gustavo Oliveira Ferreira, técnico de informática, de 33 anos, Jesuíno Marcondes, de 79 anos e Robsonn Cay Rabello, de 66 anos.
Apenas um homem que era alvo da operação não foi preso, conforme informou a Polícia Civil. Isso porque não foram conseguidas provas no computador dele. “Essa nona pessoa não estava no local na hora da apreensão, e mesmo assim a máquina dela foi avaliada, o conteúdo foi verificado, mas não quer dizer que seja ela a pessoa, pois outras seis pessoas usavam a internet compartilhada. Então não posso afirmar que era ele que estava compartilhando, mas posso dizer que entre aquelas pessoas que estavam acessando, por aquele número atrelado ao CPF, a gente tem uma pessoa que praticou o crime”, explicou Fernanda Porfírio, direitora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), que também integrou as investigações.
Os alvos da operação foram identificados através de um levantamento de informações pela Senasp e a Embaixada dos Estados Unidos da América no Brasil – Adidância da Polícia de Imigração e Alfandega em Brasília (US ImmigrationandCustomsEnforcement-ICE), iniciado há seis meses.
Localmente, a operação começou há cerca de dois meses. Além do Derca e Depom, participam das investigações o Departamento de Inteligência Policial (DIP), a Coordenação de Tecnologia da Informação e Telecomunicações (CTIT), do Grupo Especial de Repressão a Crimes por Meios Eletrônicos (GME), além da Superintendência de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública (SI/SSP).
Pedofilia
Pedófilos normalmente são pessoas adultas que têm preferência sexual por crianças pré-púberes ou no início da puberdade. O complexo ambiente da internet e a ausência de fronteiras no mundo virtual são elementos que propiciam terreno fértil à atuação desses criminosos, segundo a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, o nome Luz na Infância foi escolhido porque a internet facilita a pedofilia e, via de regra, “os criminosos atuam nas sombras, nos ‘guetos’ da rede mundial de computadores. Luz significa propiciar a essas crianças e adolescentes – vítimas – o resgate da sua dignidade bem como retirar da obscuridade esses criminosos”.