Você sabe o que é um AVC? Muitos acompanharam o caso do técnico do Vasco, Ricardo Gomes vítima de um Acidente Vascular Cerebral, durante partida do time, no estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, em agosto passado, porém, o que muita gente talvez não saiba é que uma a cada seis pessoas, no mundo, sofrerá o chamado derrame cerebral e 80% destas terão alguma sequela.
Acostumado com uma vida agitada, o jornalista e cantor baiano, Dirceu Factum, 46 anos, experimentou o drama aos 45 anos e teve que recomeçar uma nova vida. “Foi como se perdesse tudo de repente, um dia eu era uma pessoa ativa e cheia de compromissos, no outro estava em uma cadeira de rodas com o lado esquerdo do corpo totalmente paralisado”, conta ele, nove meses após um AVC.
Hoje, com cerca de 70% dos movimentos recuperados através de muita fisioterapia, ele se diz um “novo homem”. “Aprendi a ver a vida por outro ângulo e dar um valor ainda maior à minha família e às coisas que realmente têm valor. Vivia muito estressado, acumulava funções e tinha uma péssima alimentação”, lembra.
Hipertenso e com uma vida nada saudável, Factum estava em uma fase de muito estresse, segundo ele, tanto no campo pessoal quando profissional.
“Comecei a sentir, na noite anterior ao AVC, um cansaço incomum, mas, não achei que fosse nada grave, cumprir com todos os compromissos do dia, fiz um show e no outro dia, durante o banho, senti como se estivesse sendo desligado da tomada, caí no banheiro e fui socorrido por amigos e familiares que me levaram para o hospital”, conta.
Depois de diagnosticado o acidente vascular, o jornalista ficou dois dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Jorge Valente, 20 dias internado na unidade e quase um mês em uma cadeira de rodas. “Fiz de tudo que me mandavam fazer para voltar a andar, mudei meus hábitos alimentares e já emagreci 35 quilos”, diz, orgulhoso.
Na Bahia, as estatísticas merecem atenção. De acordo com o médico neurologista Ailton Melo, professor de neurologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o AVC é a doença que mais mata no estado. “Apesar não haver registros de números de óbitos, sabe-se que, em Salvador, tanto a incidência da doença quanto a mortes em decorrência dela, ultrapassam índices considerados altos em outras cidades do mundo”, diz.
O consumo excessivo de açúcar e principalmente de sal está as principais causas desta maior incidência, não apenas na Bahia como em todo o nordeste do país. “O nordestino tem a cultura de salgar carnes para conservar o alimento”, lembra se referindo à possível causa do mau hábito alimentar.
Neste sábado o problema será lembrado no Dia Mundial do AVC. Na capital baiana, profissionais de saúde estarão à disposição da população, no Shopping Paralela, informando e avaliando o grau de risco da doença nas pessoas. Com o mote “A cada seis segundos, alguém morre de AVC, conheça os fatores de risco e saiba como se prevenir”, a campanha pretende reduzir o número de casos e alertar a população sobre as formas de prevenção.
O dossiê latino-americano, intitulado “How Can We Avoid a Stroke Crisis in Latin America?” (Como podemos evitar uma crise de AVC na América Latina?), apresentado recentemente 3ª Conferência Latino Americana da Sociedade Internacional de Farmacoeconomia (ISPOR, sigla em inglês), faz acender o sinal de alerta entre os brasileiros. Conforme o documento, o Brasil é o país latino-americano com os maiores índices de morte decorrente de AVC, com mais de 129 mil óbitos por ano.
Ainda com base no dossiê, estima-se que o país tenha 1,5 milhão de pacientes com fibrilação atrial (FA) – tipo comum de arritmia cardíaca que é uma das principais causas do AVC. Os gastos nacionais com atendimento médico e hospitalizações são estimados em US$ 449,3 milhões anuais.
Fonte: Tribuna da Bahia