Por Pedro Ivo Rodrigues
Com os objetivos de debater o impacto da criminalidade sobre a atividade turística e propor soluções para a problemática que afeta a principal atividade econômica da Costa do Descobrimento, foi promovida, na manhã do dia 10 de setembro, uma reunião com autoridades das Polícias Civil e Militar da Bahia e com representantes do Poder Executivo municipal e de entidades de classe, bem como empresários do ramo hoteleiro. O evento aconteceu no Hotel Náutico, localizado na Orla Norte de Porto Seguro.
Estiveram presentes: o secretário de Segurança Pública da Bahia, César Nunes; o delegado geral da Polícia Civil, Joselito Bispo; a delegada Maritta Silva, da Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur) de Salvador; a delegada Isabel Alice Jesus Pinho, diretora da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV) de Salvador; delegados José Hermano (1ª CP), Viviane Scofield, Delegacia da Mulher (Deam) e Ricardo Feitosa (Deltur) de Porto Seguro; comandante Paulo Faustino da Silva, do 8º BPM; prefeito de Porto Seguro, Gilberto Abade; secretário municipal de Turismo, Guto Jones; representante do Sindhesul, Paulo César Magalhães; diretor presidente do Porto Seguro Convention Bureau, Paulo Salvatore; presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Seguro, Jadilson Moraes, presidente do Conselho de Segurança Pública do Arraial d´Ajuda, Natasha Bergamascky, entre outros.
O delegado Ricardo Feitosa, que ministrou uma palestra sobre segurança nos estabelecimentos que atendem turistas, mencionou alguns procedimentos que podem ser adotados pelas empresas com o propósito de reduzir riscos aos proprietários, funcionários e clientes. “Ao contratar um empregado, é recomendável se tomar o máximo de referências sobre aquela pessoa e levantar todas as informações possíveis a respeito de sua vida pregressa ou que permitam avaliar a sua personalidade”, aconselhou.
O secretário de Segurança Pública da Bahia afirmou que o governo do estado tem interesse em reforçar o combate à criminalidade, mas que as dificuldades materiais são grandes. “Não quero fazer comparações com governos anteriores, mas assumimos o estado com grandes carências, com muitos problemas. O nosso desejo é equipar as polícias com todo o aparato necessário para garantir a segurança das comunidades, mas existem muitas lacunas para serem supridas em diversos municípios, principalmente quanto à infraestrutura das delegacias. Entretanto não faz parte do nosso planejamento investir na construção de módulos policiais, porque acreditamos que limitam a atuação da polícia ostensiva, que é mais eficaz fazendo rondas nos bairros, o que denominados unidades móveis. A sua cobertura se dá num raio muito maior, utilizando comunicação por rádio com outras unidades. No tocante ao Distrito Integrado de Segurança Pública (Disep), que integram os trabalhos das polícias Civil, Militar e Técnica, existe em alguns municípios, como Vitória da Conquista. Pretendemos construir um em Porto Seguro, mas ainda não trabalhamos com uma previsão”, explanou César Nunes.
Elucidação de crimes recentes
O presidente da CDL no município, Jadilson Moraes, fez um pronunciamento no qual cobrou das autoridades presentes empenho na elucidação de crimes que abalaram Porto Seguro recentemente, como os assassinatos do gerente do Complexo de Lazer Axé Moi, Jorge Carlos Moraes, conhecido como “Carlinhos do Axé Moi”, morto a tiros em 2007, e dos professores Álvaro Henrique Santos e Elisney Pereira Santos, executados em 17/09/2009, além de citar a morte da adolescente Dandara, vítima de bala perdida durante tiroteios entre traficantes, no Arraial d´Ajuda. “Quero dizer que acredito que a segurança pública é um dever do estado e não responsabilidade da própria sociedade. Isso não tem nada a ver com Jaques Wagner, Paulo Souto ou Geddel Vieira Lima. O estado é uma instituição muito antiga e é sua incumbência proteger a vida e o patrimônio do cidadão. Dizer que os pais devem aconselhar seus filhos a não se envolverem com drogas ou más amizades é válido no sentido da prevenção, mas a tarefa de combater o crime e assegurar a manutenção da ordem pública é dos órgãos governamentais. Em Porto Seguro, houve as mortes de Carlinhos do Axé Moi, dos professores Álvaro e Elisney, da jovem Dandara e, só nesta semana, cinco homicídios provavelmente ligados ao tráfico de drogas. Não sabemos os nomes dos mandantes e/ou executores desses crimes, nem a sua motivação. A sociedade se indigna com essa impunidade, que lhe rouba a tranqüilidade. Queremos a elucidação desses assassinatos. Que os seus autores sejam identificados e responsabilizados”, declarou o presidente da CDL, que ressaltou a satisfação da população com a troca de comando do 8º BPM. “A entidade a qual presido fez uma enquete para avaliar a opinião pública sobre a mudança e os resultados foram: 66% dos que opinaram classificaram o trabalho da Polícia Militar após o advento do comandante Paulo Faustino da Silva como regular, 33% o consideraram bom, 3% ótimo e 2% ruim. Esse índice é um balizador da avaliação dos lojistas sobre o trabalho da PM na cidade”, acrescentou Jadilson.
Moraes também expressou discordância sobre algumas informações que vem sendo divulgadas sobre segurança em Porto Seguro. “Ao contrário do que o prefeito Abade falou, que os assaltos no comércio acabaram com a vinda do novo comandante, digo que essa modalidade de crime continua a acontecer, embora tenha diminuído. Quanto ao fato de a festa de São João ter sido segura, sim, de fato ela foi, mas, durante os festejos, diversas lojas foram arrombadas nas avenidas Getúlio Vargas e Navegantes”, finalizou.