Autoimagem e adoração

“Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.” (Romanos 12.3)

Muito interessante que o apóstolo tenha relacionado autoimagem e vida com Deus. O modo como nos vemos precisa e deve ser influenciado pelo nosso relacionamento com Deus. Na verdade e melhor colocando, o modo como nos vemos precisa e deve ser influenciado pelo relacionamento de Deus conosco.
Se somos alvo do amor, da graça e bondade de Deus, e somos, nossa autoimagem pode ser curada e equilibrada. A presença de Deus é terapêutica e promotora de saúde existencial. De modo que deveríamos medir nossa espiritualidade também por meio de nossa autoimagem. Sim, ela é melhor que a maioria dos indicadores de espiritualidade que produzimos por nossa religiosidade.
Qual a relevância de quanto tempo temos como membros numa igreja? Qual o valor de cargos eclesiásticos, formação teológica? De que serve uma grande desenvoltura litúrgica (saber cantar, liderar ou pregar)? Se essas coisas nos fizerem mais responsáveis e devedores diante dos nossos irmãos e irmãs, ai sim, elas tem algum valor. Mas se alimentarem orgulho e o ego, são pedras de tropeço e vírus para nossa espiritualidade.

Se nos iludirmos, pensando sermos alguma coisa, nos sentindo importantes ou com mais direitos que outros, isso apenas revelará nossa infantilidade espiritual. Desenvoltura na vida religiosa não significa necessariamente uma vida espiritual saudável.
Olhemos para Romanos 12. Ele está nos propondo uma liturgia para a vida e pode nos ajudar a superar ilusões religiosas. O tema do verso de hoje é uma consciência equilibrada de nós mesmos, de acordo com a medida da fé que Deus nos concede por sua graça. Essa consciência equilibrada nos possibilitará frutificar na vida cristã. A falta dela nos levará a causar problemas. Para nós e para os outros.
Quais os sinais de que estamos nutrindo uma consciência equilibrada sobre nós mesmos?
Celebraremos as virtudes dos outros e seremos misericordiosos com aqueles que falham. Saberemos reconhecer nossas próprias virtudes sem que isso seja razão de vaidade ou orgulho, e saberemos admitir nossas fraquezas, sem que isso nos roube a alegria e a coragem para viver.
Andar com Deus naturalmente nos faz pessoas mais lúcidas. Ajuda-nos a lembrar que somos uma combinação de virtudes e vícios, competências e incompetências. E essa lucidez nos ajuda a sermos pessoas fáceis em meio a embates difíceis. Já quando ela nos falta nos revelamos difíceis em questões fáceis.

Quanta luta, quanta guerra, quantas feridas resultam de nossa ilusão e equívocos sobre nós mesmos. Pois, como afirmam tantos, nós não vemos as coisas como elas são, mas, sim, as vemos como nós somos. E aí nos complicamos e complicamos a vida dos outros.
Uma autoimagem equilibrada honra a Deus e é uma dádiva para aqueles que convivem conosco. Ela contribui para que sejamos um terreno propício ao fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5.22-23).

A liturgia da vida cristã é liderada pelo Espírito de Deus e Ele faz brotar em nós o seu fruto. Cada detalhe importa. Nossa autoimagem importa. Saúde espiritual não é algo instantâneo. É progressivo, como a vida. Hoje mesmo é um dia em que progressos podem acontecer. Que aconteçam em mim e em você.

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